O governo dos Estados Unidos abriu uma investigação contra a aquisição do Musical.ly pela chinesa ByteDance, dona do TikTok. De acordo com fontes envolvidas no processo, a compra do aplicativo americano custou US$ 1 bilhão.
Apesar de a venda do aplicativo norte-americano Musical.ly ter acontecido há dois anos, o governo dos EUA vem aumentando a pressão nas últimas semanas sobre uma possível ameaça à segurança nacional causada pelo TikTok. A preocupação é com a censura de conteúdos políticos, ao mesmo tempo em que são levantados questionamentos sobre a forma que o app armazena os dados pessoais.
O TikTok vem aumentando sua popularidade entre os adolescentes americanos numa época de constantes tensões entre os dois países, acerca de comércio e tecnologia. Em torno de 60% dos 26,5 milhões de usuários ativos mensais do TikTok em solo americano são jovens entre 16 e 24 anos, de acordo com um levantamento feito pela própria empresa neste ano.
O Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos (CFIUS), que revisa negociações de compradores estrangeiros em busca de potenciais riscos à segurança nacional, começou a analisar o negócio envolvendo o Musical.ly. Segundo o CFIUS, o TikTok não buscou liberação do órgão para adquirir o app, o que abre margem para investigação.
O CFIUS está conversando com o TikTok sobre possíveis medidas a serem tomadas para evitar que a empresa tenha de devolver as ações compradas. Detalhes das conversas não foram revelados, assim como as preocupações do comitê. A investigação é confidencial.
“Não podemos comentar o processo, mas o TikTok deixou claro que não tem nada mais prioritário do que conquistar a confiança dos usuários e reguladores dos EUA. Parte dessa confiança inclui trabalhar junto com o Congresso e estamos comprometidos a fazer isso”, falou um porta-voz do TikTok. A ByteDance não comentou o assunto, assim como o Departamento do Tesouro Nacional, líder do CFIUS.
Na semana passada, o senador e líder da oposição Chuck Schumer, juntamente com o senador Tom Cotton, pediram um inquérito sobre a segurança. Eles se disseram preocupados com a forma que a plataforma coleta os dados dos usuários, além dos conteúdos que o app censura no país. Eles também sugeriram que o TikTok poderia ser alvo para influenciar campanhas.
O aplicativo permite que o usuário grave e partilhe vídeos curtos com efeitos especiais. A empresa alega que dados de usuários americanos são armazenados nos EUA, mas os senadores notaram que a ByteDance é governada sob leis chinesas.
Em outubro, o fundador do Musical.ly, Alex Zhu, passou a reportar diretamente ao CEO da ByteDance, Zhang Yiming. Não se sabe ainda se essa mudança se deve à investigação feita pelo CFIUS. Até mesmo Mark Zuckerberg questionou as políticas adotadas pelo aplicativo.
Os Estados Unidos vêm intensificando cada vez mais as restrições a desenvolvedores de apps sobre a segurança das informações que eles armazenam, especialmente se envolver a área militar ou de inteligência.