Google usa sua tecnologia em drones militares e funcionários se revoltam

Redação07/03/2018 12h30, atualizada em 07/03/2018 13h15

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O Google revelou recentemente que está trabalhando junto com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos em um projeto chamado Project Maven, ou “Algorithmic Warfare Cross-Funcional Team” (AWCFT, ou “equipe multifuncional de guerra algorítmica”). Segundo o Guardian, A empresa está oferecendo ao departamento ferramentas de inteligência artificial do seu software TensorFlow para uso em drones militares.

Mais especificamente, o Google estaria usando o TensorFlow para analisar, em parceria com o órgão militar, o enorme volume de imagens gravadas por seus drones militares. Usando tecnologias de aprendizagem de máquina e visão computacional, a empresa está criando ferramentas para automatizar o processo de identificar veículos e outros objetos de interesse do exército.

A iniciativa, segundo o Wall Street Journal, é parte de um investimento de US$ 7,4 bilhões do Departamento de Defesa em inteligência artificial. Ela visa facilitar o trabalho humano de revisar as imagens capturadas por drones do exército, que de acordo com o The Next Web somam já “milhões de horas” de vídeo.

Em um comunicado enviado ao The Verge, o Google esclareceu que está ajudando o órgão de defesa com o fornecimento de “APIs open-source do TensorFlow que podem auxiliar no reconhecimento de objetos em dados não classificados. Essa tecnologia marca as imagens para revisão humana, e é apenas para usos não-ofensivos”. No entanto, uma fonte ouvida pelo site notou que acordos de confidencialidade impedem que a empresa divulgue exatamente qual é o nível de seu envolvimento no trabalho militar.

De acordo com o anúncio do Project Maven, feito em julho de 2017, a ideia do projeto era aumentar a produtividade dos analistas humanos que revisam as imagens dos drones. “Pessoas e computadores trabalharão de maneira simbiótica para aumentar a habilidade de sistemas de armas de detectar objetos”, disse na ocasião Drew Cukor, o diretor do AWCFT junto ao Departamento de Defesa. Desde julho, segundo o The Verge, o projeto já foi usado contra o Estado Islâmico.

Revolta

Segundo o Gizmodo, os funcionários do Google não ficaram felizes de saber que seu trabalho estava sendo usado para fins militares. A informação teria sido compartilhada em um mailing interno da empresa ao longo da semana passada, e alguns dos trabalhadores da empresa teriam ficado chocados de saber que a tecnologia da empresa estava sendo usada como ferramenta de vigilância militar.

Ainda segundo outros funcionários ouvidos pelo site, o envolvimento do Google levantava questões éticas importantes quanto ao desenvolvimento e o uso de ferramentas de aprendizagem de máquina. Afinal, essas ferramentas podem efetivamente ser usadas para ajudar os drones militares a identificar e atacar determinadas pessoas. As fontes pediram para não ser identificadas pois não estavam autorizadas a falar publicamente sobre o projeto.

Não é a primeira vez que o envolvimento do Google com projetos militares gera preocupação. Quando o Google comprou a Boston Dynamics, seu objetivo era criar um “cão-robô” para o exército estadunidense, por exemplo. Mas o próprio Eric Schmidt, ex-CEO do Google, reconheceu durante uma entrevista em novembro que “existe uma preocupação generalizada na comunidade de tecnologia de que de alguma maneira o complexo industrial-militar vai usar as criações dela para matar pessoas de maneira incorreta”.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital