Com a Apple resistindo à pressão do governo dos EUA para burlar a criptografia de seus smartphones – e recebendo apoio de boa parte da indústria – o FBI está procurando outras maneiras de acessar os iPhones de suspeitos. Uma das possibilidades, segundo a Forbes, seria usar as impressões digitais dos cadáveres de seus donos para destravar os aparelhos.

Simplicidade legal

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De acordo com a professora de direito da Northeastern University Andrea Matwyshyn, “impressões digitais -diferentemente de senha – são provas físicas que podem ser exigidas por meio de uma ordem judicial”, o que ofereceria uma maneira muito mais simples (do ponto de vista jurídico) para se acessar as informações dos suspeitos.

Além disso, por tratar-se de pessoas mortas, os suspeitos cujas impressões digitais fossem usadas não gozariam das proteções da Quarta Emenda da Constituição dos EUA. De acordo com essa emenda, “os direitos das pessoas de estarem protegidas em suas casas, papéis e documentos contra buscas não-razoáveis não será violado”. Em outras palavras, segundo a advogada Marina Medvin, “Sua privacidade não foi violada, porque você está morto”.

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Sem se sujar

Não seria nem mesmo necessário usar o próprio dedo do cadáver do suspeito nesses casos. Utilizando técnicas de imagem de alta resolução, cola e glicerol, uma empresa de segurança chamada Lookout conseguiu criar uma réplica de impressão digital que pode ser usada para desbloquear iPhones 5S e 6.

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Em alguns casos, é examinadores forenses conseguem até mesmo criar cópias da impresão digital a partir do próprio iPhone. E mesmo que isso não seja possível, as impressões digitais de cidadãos podem muitas vezes ser encontradas em bases de dados do governo, por exemplo.

Problemas

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Embora trate-se de uma solução possível, ela ainda tem uma série de problemas. O principal deles é o fato de que isso só funcionaria caso o suspeito tivesse cadastrado a sua impressão digital para destravar o iPhone. Consequentemente, todos os dispositivos sem leitores de impressão digital – como o iPhone 5c do atirador de San Bernardino, que deu origem à polêmica – não poderão ser destravados dessa forma.

Além disso, iPhones que ficarem mais de 48 horas sem serem desbloqueados por meio de impressões digitais só podem ser destravados por meio de senha. Isso significa que órãos de segurança teriam no máximo 48 horas para chegar aos dispositivos antes de que eles se travassem de maneira mais definitiva. E, se isso acontecesse, os órgãos enfrentariam as mesmas dificuldades que o FBI enfrenta agora. Nesse caso, talvez a única alternativa restante seja recorrer a John McAfee.