Na virada de quarta para quinta-feira, o Senado dos Estados Unidos aprovou uma mudança de regras de conduta que expande o poder de vigilância do governo local de forma tão abrangente que agora o FBI tem permissão para hackear legalmente pessoas em outros países.

A alteração amplia o poder dos juízes no tocante aos mandatos de busca e apreensão. Até ontem, eles só podiam expedir esses mandatos dentro das suas próprias jurisdições. Isso limitava as ações do FBI, porque mais de uma vez a Justiça desmantelou investigações sobre pedofilia ou cibercrime porque parte das provas apresentadas havia sido obtida por meio de vigilância que excedia a jurisdição do juiz que acompanhava os casos.

A partir de hoje, isso muda porque o juiz pode expedir mandatos para que o FBI acesse remotamente qualquer computador, não importa se a máquina esteja ou não dentro da jurisdição do magistrado — o que inclui outros países e pode envolver pessoas que tenham sido vítimas de vírus que transformaram seus equipamentos em parte de uma botnet.

Tal mudança já havia sido aprovada numa votação privada da Suprema Corte no começo do ano, segundo reporta a Reuters, mas ela ainda precisava passar pelo crivo do Congresso. Senadores democratas vinham tentando ao menos protelar a discussão para evitar que o presidente eleito, Donald Trump, chegasse ao poder com uma ferramenta tão forte de vigilância, uma vez que ele declarou abertamente que gostaria de ter formas de hackear oponentes políticos.