Parece que finalmente o caso entre FBI e Apple pode chegar a uma conclusão. O FBI acredita ser possível hackear o iPhone do terrorista Sayed Farook para obter as informações guardadas no aparelho sem depender da ajuda da Apple. O órgão do governo americano pediu para o juiz que está cuidando do caso cancelar a audiência marcada para esta terça-feira para decidir se a empresa deve ou não colaborar no desbloqueio do celular.
Segundo o documento protocolado nesta segunda-feira, uma pessoa (cuja identidade não foi revelada) demonstrou ao FBI um método de desbloqueio do celular sem a necessidade do envolvimento da empresa. Testes ainda serão necessários para determinar a viabilidade para garantir que o processo não danificará as informações armazenadas.
O documento também diz que, mesmo com a disputa correndo na justiça, o FBI não desistiu da pesquisa independente. “Como resultado da publicidade mundial e a atenção que o caso recebeu, pessoas de fora do governo dos EUA nos contataram oferecendo vias para possíveis pesquisas”, diz o texto. John McAfee, o fundador da empresa de segurança que carrega seu sobrenome (com a qual ele não tem mais nenhum vínculo), foi uma destas pessoas.
O juiz ainda não decidiu se vai abandonar a audiência como o FBI pediu.
Um pouco de contexto
O FBI pede que a Apple crie um sistema operacional alternativo com segurança prejudicada, que possa ser instalado no iPhone 5c de Sayed Farook. O aparelho está protegido por um código PIN, e o iOS 8 impede que o aparelho seja destravado pela via mais comum, que é a de força bruta (tentar vários códigos até que um deles esteja certo).
O iOS impõe um limite mínimo de tempo entre a digitação de cada número, o que atrapalha significativamente as tentativas de desbloqueio e ainda restringe as tentativas a apenas 10. Para piorar, ainda há o risco de que os dados guardados no iPhone sejam permanentemente destruídos após as 10 tentativas erradas em sequência.
A empresa não quer entregar esta ferramenta na mão do governo, alegando que é uma brecha que pode ser aproveitada pelo cibercrime ou para uso indevido pelo próprio governo. Além disso, a empresa se recusa a simplesmente destravar o aparelho e entregar as informações para o FBI, porque isso criaria um precedente para mais centenas de aparelhos que a empresa teria que destravar sempre que um iPhone se tornasse parte de uma investigação. Por fim, também há o fato de que a empresa precisaria destacar engenheiros (que recebem um salário) para trabalhar por algumas semanas no sistema operacional do governo, em vez de trabalhar na melhoria de seu produto.