Durante anos, por meio do Facebook, um homem da Califórnia perseguiu e aterrorizou jovens, ameaçando divulgar fotos e vídeos delas nuas, bem como estuprá-las, matá-las ou fazer um massacre em suas escolas. O homem, chamado Buster Hernandez, ou “Brian Kil”, se declarou culpado há alguns meses, mas, agora foi descoberto que a rede social pagou uma empresa de cibersegurança para desenvolver um programa que o FBI utilizou para derrubar Hernandez.

Segundo informações do site Motherboard, o Facebook pagou um valor de seis dígitos à empresa, que desenvolveu uma ferramenta de hackers para se infiltrar no sistema Tails, uma distribuição Linux que tem como objetivo manter a privacidade do usuário.

Para descobrir a identidade do abusador, o programa aproveitou uma falha no player de vídeo do Tails, que é foi capaz de revelar o endereço IP real da pessoa que assiste a vídeos na mesma máquina em que o sistema está instalado.

O Facebook solicitou o desenvolvimento da ferramenta, mas a entregou aos agentes federais, que enviaram um vídeo com armadilha para Hernandez, que assistiu e acabou sendo identificado.

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Computador de acusado foi invadido pelo FBI. Imagem: iStock

Não está claro se o FBI sabia que o Facebook estava envolvido no desenvolvimento do programa. Ainda assim, essa é a primeira vez que a rede social ajudou na aplicação da lei ao hackear a privacidade de um usuário e, segundo um porta-voz, não deve se repetir.

“O único resultado aceitável para nós foi Buster Hernandez enfrentando a responsabilidade pelo abuso de meninas”, disse um porta-voz do Facebook ao Motherboard. “Este foi um caso único, porque ele estava usando métodos tão sofisticados para esconder sua identidade, que tomamos as medidas extraordinárias de trabalhar com especialistas em segurança para ajudar o FBI a levá-lo à justiça”, completou.

O Facebook se justificou debruçado nas acusações sobre Hernandez, as quais eram, no mínimo, terríveis. De qualquer forma, o papel da rede social levanta uma questão ética: é aceitável que uma empresa privada pague para hackear seu próprio usuário? Além disso, o Tails não foi avisado em momento algum que teria seu sistema invadido, mesmo que para uma boa causa.

Vale lembrar, também, que o Tails não é utilizado apenas por cibercriminosos. Ativistas, jornalistas, funcionários do governo, sobreviventes de violência doméstica e tantas outras pessoas que precisam ter sua privacidade protegida dependem do sistema. Portanto, o que salvou alguns pode prejudicar outros.

 

Via: Engadget