O Facebook está envolvido em mais uma polêmica ligada à privacidade. Dessa vez, a rede social é acusada de dar acesso irrestrito a informações de usuários a grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Apple, Spotify e Netflix. Entre os dados disponíveis para estes parceiros estavam até mesmo as mensagens privadas trocadas na plataforma.

De acordo com a reportagem o The New York Times, as informações sobre as parcerias do Facebook foram obtidas em um documento interno da empresa e entrevista com mais de 60 pessoas ligadas ao assunto. Ao menos duas dessas parceiras, Netflix e Spotify, tinham a habilidade de ler as mensagens privadas trocadas por usuários no Messenger. As companhias, contudo, alegam que não tinham conhecimento deste acesso especial.

Já a Amazon, gigante do comércio eletrônico, tinha acesso aos nomes e informações de contatos de usuários de Facebook através da sua lista de amigos. Por sua vez, a Microsoft era capaz de ver os nomes de “virtualmente todos os amigos de um usuário do Facebook” sem qualquer tipo de consentimento para o seu buscador Bing, enquanto o Yahoo poderia acessar o posts de contatos da rede social.

Ao todo, a reportagem do The New York Times afirma que o Facebook mantinha parceria com mais de 150 empresas do ramo da tecnologia, automóveis, varejo online, mídia e entretenimento. Além disso, embora a rede social de Mark Zuckerberg afirme que já cortou o acesso a esses dados, alguns desses acordos ainda permanecem ativos.

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– O que diz o Facebook?

Em resposta à reportagem do NYT, o Facebook fez uma publicação em seu blog oficial para explicar as parcerias. Segundo a empresa, essas parcerias tinham como objetivo permitir que as pessoas tivessem acesso às suas contas do Facebook em dispositivos e plataformas desenvolvidas por outras empresas e sem suporte. Além disso, os acordos também tinham como objetivo oferecer “mais experiências sociais”, como recomendações de amigos em aplicativos.

O Facebook também deu alguns exemplos práticos de produtos criados através dessa parceria. Segundo a publicação, o acordo permitiu o acesso às contas do usuário no Windows Phone e BlackBerry OS, que não eram oficialmente suportados pela companhia. Além disso, isso teria permitido a criação de hubs que consolidavam os feed de diferentes redes sociais, integraçãol com aplicativos de entretenimento, pesquisas personalizadas com resultados sociais e notificações de atividades no Safari e outros navegadores da web.

A empresa de Mark Zuckerberg também confirmou o acesso às mensagens privadas do usuário. Segundo o Facebook, isso era necessário para que seus usuários conseguissem enviar mensagens no Messenger sem sair do aplicativo de música. A rede social disse ainda que era necessário o login na sua conta para que esse acesso acontecesse.

Por fim, o Facebook destacou ainda que nenhum desses acessos teria acontecido sem a permissão dos seus usuários. A empresa disse ainda que as parcerias também não violaram o acordo feito em 2012 com o Federal Trade Commission, que é responsável por fazer regulações de mercado e proteger os consumidores nos Estados Unidos.

Atualização às 17h22 do dia 20 de dezembro: A Netflix enviou um posicionamento à redação do Olhar Digital sobre as recentes denúncias. O serviço de streaming afirma que jamais acessou as mensagens privadas dos usuários e nem solicitou isso ao Facebook. Confira abaixo a nota na íntegra:

“Ao longo dos anos, tentamos várias maneiras de tornar a Netflix mais social. Um exemplo disso foi o recurso que lançamos em 2014 que permitiu que os membros recomendassem programas de TV e filmes para seus amigos do Facebook via Messenger ou via Netflix. O recurso nunca foi muito popular, então o desligamos em 2015. Em nenhum momento acessamos as mensagens particulares das pessoas no Facebook ou pedimos para conseguir fazê-lo.”