Na segunda-feira (15), fomos surpreendidos com a chegada de um novo recurso ao WhatsApp: a possibilidade de enviar e receber dinheiro diretamente pelo aplicativo. Além disso, foi anunciado que o Brasil seria o primeiro país a testar a novidade.
O recurso pode trazer diversas possibilidades para pequenas empresas e até para usuários comuns. No entanto, após o anúncio, muitas pessoas questionaram a segurança da realização de transações financeiras dentro de um aplicativo voltado para a troca de mensagens.
Para entender como tudo vai funcionar, o Olhar Digital conversou com a Cielo, empresa que será responsável pelo processamento dos pagamentos feitos na plataforma. Antes de tudo, a empresa esclarece que o sistema todo foi criado a partir de modernas tecnologias de controle antifraude.
Além disso, eles destacam que todos os pagamentos são protegidos por várias camadas de segurança. Para garantir isso, foi destacado a presença de uma senha única, com seis dígitos, e que deve ser criada para autorizar as transações – o usuário também tem a opção de utilizar a biometria do celular.
Ao anunciar o recurso, o WhatsApp revelou que a utilização é bem simples, basta cadastrar o cartão no aplicativo para que seja possível realizar o pagamento. No entanto, a Cielo informa que todo o método de pagamento inserido no aplicativo deve passar por autenticação do banco emissor com o objetivo de verificar a autenticidade do procedimento, o que garante uma proteção a mais.
De acordo com a Cielo, todas as transações passam por rigorosas verificações de segurança. Foto: iStock
Ainda segundo a empresa, o recurso foi desenvolvido a partir de princípios de segurança que garantem a proteção do usuário. A criptografia de ponta a ponta presente no mensageiro é responsável por manter o sigilo da comunicação entre o celular do usuário e os servidores do WhatsApp, mantendo as informações de pagamento totalmente secretas.
Além disso, foi destacado que há diversas camadas de proteção de softwares e equipamentos para garantir a segurança dos dados armazenados. Vale lembrar que todo o sistema foi possível graças a uma integração com o Facebook Pay, solução de pagamentos criada pela rede social principal de Mark Zuckerberg.
No caso de eventuais fraudes, a Cielo declara que conta com mecanismos de segurança para bloquear transações suspeitas até que a situação seja analisada por uma equipe designada para isso.
Recomendações de segurança
Por fim, além do sistema de segurança implementado pela empresa, o usuário deve seguir algumas recomendações. Considerando isso, há algumas dicas para evitar cair em fraudes.
A primeira e uma das mais importantes recomendações é para que os usuários não compartilhem o código de confirmação do WhatsApp (esse é um golpe bastante comum), o PIN de seis dígitos do Facebook Pay ou o código de verificação do sistema com ninguém. Em muitos casos, criminosos podem se passar por algum amigo ou familiar para roubar essas informações.
O bloqueio de mensagens suspeitas também é sugerido. Caso receba algum contato que ofereça vantagens muito boas ou algum benefício que não foi solicitado, é sempre recomendado que bloqueie e denuncie o número.
Impressão digital pode impedir roubo de informações caso o smartphone seja perdido. Foto: Reprodução
Para evitar acesso às informações contidas nos aparelhos caso sejam roubados ou perdidos, a recomendação é de ativar bloqueios por impressão digital e reconhecimento facial, além de definir uma senha toda vez que algum aplicativo for aberto.
Por falar em senhas, é preciso definir uma combinação segura para a tela de bloqueio do dispositivo, além de evitar proteções fáceis como número sequenciados, nomes de animais de estimação, datas de aniversário e números de telefone.
Por fim, o usuário que quer obter máxima proteção do aparelho deve ativar a verificação de duas etapas para o mensageiro – com isso, é possível evitar que o aplicativo seja clonado e as informações extraídas.
Banco Central
Aparentemente, o Banco Central (BC) analisa de perto a chegada do recurso por aqui. Ainda na segunda-feira, o BC emitiu uma nota dizendo que considera integrar a funcionalidade de pagamentos pelo WhatsApp com o PIX – sistema de transferências instantâneas que está em fase de criação. No entanto, isso ainda não tem data para acontecer.
Atualmente, o BC possui duas grandes preocupações em relação ao sistema do WhatsApp: o fato da funcionalidade ser fechada apenas para transações dentro do app e que a empresa deu preferência para a Cielo como empresa de processamos dos pagamentos.
Para a primeira preocupação, o WhatsApp já se pronunciou e disse que vai facilitar a entrada de novos parceiros no futuro. Porém, caso o mensageiro não permita o acesso de outra empresa, tanto o BC quanto o Conselho Administrativo de Defesa Econômica podem ser acionados.
O segundo ponto pode estar relacionado ao fato de que a Cielo foi notificada pela Secretaria Nacional do Consumidor – um órgão do Ministério da Justiça – por conta de supostas extrações mensais dos dados de vendedores cadastrados para a utilização dos sistemas da empresa – os usuários que compraram as máquinas.
De qualquer forma, o novo recurso está em fase de disponibilização gradual aos usuários. Quando a implementação total acontecer, pode haver um aumento no número de vendas realizadas, já que, atualmente, o WhatsApp possui uma base ativa de mais de 120 milhões de usuários apenas no Brasil.