5 dos hackers mais notórios da história da tecnologia

Alguns casos do cibercrime se tornaram emblemáticos
Renato Santino24/04/2019 20h47

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Todo mundo adora histórias de supervilões. No mundo da tecnologia, essas pessoas normalmente são os hackers, mais especificamente os black-hats, que usam seu conhecimento com fins criminosos. Alguns dos casos chegam a se tornar amplamente conhecidos, o que faz com que os autores ganhem fama dentro da comunidade de especialistas.

A seguir, listamos cinco casos de hackers que ficaram especialmente reconhecidos pelos seus feitos. São pessoas que ganharam renome pelos seus ataques e, em alguns dos casos, fizeram a transição do mundo black-hat para o white-hat. Veja como agiram cada um deles:

Kevin Mitnick

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Kevin Mitnick talvez seja o nome mais conhecido no mundo dos hackers, praticamente uma celebridade dentro deste universo. Ele se tornou uma figura importante da história da tecnologia ainda nos anos 80, enquanto era adolescente; seu maior ataque deu a ele acesso ao NORAD (Comando de Defesa Norte-Americano) em 1982, o que chegou a inspirar o filme “War Games”, que foi lançado em 1983, contando a história de um garoto que quase inicia o disparo de ogivas termonucleares em direção à Rússia achando se tratar de um jogo em plena Guerra Fria.

São muitas as empresas e órgãos governamentais que foram alvo de Mitnick ao longo dos anos 1980, roubando códigos sigilosos de companhias como a Sun Microsystems. Graças às suas habilidades, ele conseguia fazer ligações gratuitas em seu celular hackeado (em uma época em que a telefonia celular era caríssima) e até mesmo grampear chamadas da NSA. Ele acabou preso por cinco anos por suas ações, e agora se tornou um especialista e consultor de segurança digital dos mais respeitados, completando a transição do black-hat para o white-hat.

Reonel Ramones e Onel De Guzman

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O nome de ambos talvez não seja tão reconhecido quanto o de outros mencionados nesta lista, mas a sua obra ficou famosa na virada do milênio. No ano 2000, o mundo foi pego de surpresa com um malware que se aproveitava da inocência e falta de experiência com computadores de muitas pessoas. O vírus em questão se espalhava por e-mail com uma mensagem simpática “I LOVE YOU”, que nada mais é do que “Eu te amo” em inglês.

Passando-se por admirador secreto de suas potenciais vítimas, o vírus, que vinha em um arquivo de nome LOVE-LETTER-FOR-YOU.txt.vbs (sendo que a extensão VBS era ocultado pelo Windows), tomava conta do computador e se encaminhava para todos os contatos guardados no Outlook, garantindo sua multiplicação. Além disso, ele substituía arquivos como imagens, músicas e documentos com cópias de si mesmo, o que causava perda de dados.

O impacto do I LOVE YOU foi tão grande, que estima-se foram afetados 50 milhões de computadores em apenas 10 dias, e que 10% das máquinas conectadas na época tenham sido afetadas. Talvez tenha sido o primeiro caso de malware amplamente explorado pela grande mídia brasileira.

Curiosamente Reonel Ramones e Onel De Guzman nunca foram condenados pelo vírus. Os dois estudantes de ciência da computação das Filipinas foram rapidamente identificados, mas na época não havia uma legislação no país para tratar de cibercrimes, e eles acabaram .

Kevin Poulsen

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A história de Poulsen é uma história de rebeldia juvenil. Aos 17 anos, em 1983, ele conseguiu invadir a rede do Pentágono, mas foi capturado pouco tempo depois. Por ser menor, ele acabou não respondendo pelo crime, recebendo apenas um aviso, que foi sumariamente ignorado.

Ele continuou hackeando computadores governamentais para obtenção de documentos sigilosos para expo-los publicamente, mas um dos ataques mais curiosos foi realizado em 1990, quando uma rádio realizou um concurso que daria um Porsche à 102ª pessoa que ligasse; ele se certificou de hackear a emissora para garantir que fosse ele o premiado. Ele também ganhou US$ 20 mil com a peripécia.

No final, Poulsen acabou sendo preso pelos seus crimes e proibido de usar computadores por três anos, mas deixou a ilegalidade após sua soltura. Ele acabou se tornando um jornalista especializado em tecnologia, dedicado, em especial a lidar com temas de segurança da informação.

Guccifer

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Marcel Leher é conhecido pelo seu apelido Guccifer, que é uma união da marca de luxo Gucci com o nome Lúcifer, personagem bastante conhecido do Cristianismo. O que faz com que ele seja especialmente reconhecido é o fato de que ele não tinha praticamente nenhum conhecimento de tecnologia que permitisse que ele hackeasse suas vítimas. Ele se baseava em engenharia social para ter sucesso.

Sua técnica baseava em coletar o máximo de informação possível sobre suas vítimas por meio da internet e responder perguntas de segurança para obter acesso a contas pessoais. E só isso foi o bastante para invadir vários alvos de alto escalão.

Entre seus alvos estão pessoas como Colin Powell, secretário de Estado durante a presidência de George W. Bush. Ele também teve sucesso atingindo alvos como a senadora americana Lisa Murkowskim membros da família Rockefeller, agentes do FBI, e obteve acesso a e-mails de Sidney Blumenthal, ex-assessor de Bill Clinton.

No momento de sua prisão, em 2014, ele era um taxista desempregado. Seus ataques acabaram se tornando importantes durante a eleição presidencial de 2016 nos EUA, já que abriram os olhos para o escândalo do servidor de e-mails de Hillary Clinton, que serviu de base para boa parte da campanha de Donald Trump e seus apoiadores.

Anonymous

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Não é possível falar de hackers sem mencionar o Anonymous, o que é uma situação curiosa, já que não estamos falando de uma pessoa, mas sim de uma entidade sem corpo ou forma. Qualquer um pode realizar um ataque e se denominar como parte do Anonymous, então o nome foi associado a todo tipo de operação com fins políticos, independentemente de o alvo ser de esquerda ou de direita.

Isso não torna a entidade Anonymous menos relevante. Ao que tudo indica, ela surgiu em 2003, mas ganhou verdadeiro reconhecimento na virada da década, o hacktivismo se tornou a esperança de uma nova era da democracia, proporcionando transparência total, tornando-se parte de movimentos como a Primavera Árabe e até mesmo os protestos de 2013 no Brasil. Algumas pessoas ligadas ao grupo chegaram a ser presas por autoridades pelo mundo, mas é impossível acabar com ele completamente, justamente pela falta de uma organização clara.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital