Um ladrão de informações, que estaria por trás de uma das maiores violações de dados da história da NSA – a agência de segurança nacional dos EUA – pode ter sido capturado graças a uma empresa de segurança digital da….Rússia (!?). E, ironia das ironias, que o governo norte-americano considera uma das maiores ameaças à segurança nacional do seu país. 

Segundo uma reportagem exclusiva do site Politico.com, a Kasperky Lab, cuja sede é em Moscou,  entregou às autoridades norte-americanas mensagens de Harold T. Martin III, que foram enviadas por ele, via Twitter, em 2016. Martin, que era empreiteiro da Administração de Segurança Nacional, tinha acesso a documentos secretos do grupo de hackers da agência. Ele é acusado de roubar ferramentas valiosas de hackeamento da NSA e vazá-los. Depois disso, ele usou esses exploits da agência para a prática de hacks massivos, incluindo ataques com o ransomware WannaCry, cuja técnica envolve sequestro de dados das vítimas, para posterior cobrança de resgate para liberá-los. 

De acordo com um processo judicial de dezembro de 2018, Martin, entrou em contato com o Twitter, usando a conta @HAL_99999999, pedindo uma reunião e escrevendo, “prazo de validade de três semanas”. 

Ainda que os documentos do tribunal tenham sido redigidos para ocultar quem recebeu essas mensagens, a reportagem do Politico informa que elas foram enviadas para pesquisadores da Kaspersky, que posteriormente entregou as mesmas ao governo dos EUA. 

Com isso, agentes do FBI puderam revistar a casa de Martin em agosto de 2016, depois de obter um mandado com base nessas mensagens do Twitter, de acordo com documentos judiciais. Se condenado, Martin enfrentará mais de 10 anos de prisão.

Os advogados de Martin argumentaram que o FBI não tinha uma causa provável para um mandado de busca baseado nessas mensagens enviadas via Twitter.

Em uma audiência na terça-feira (08/1), os advogados de Martin disseram que o governo dos EUA não forneceu cópias de provas digitais que foram apreendidas junto ao acusado e que espera usá-las para ajudar em sua defesa.

Em uma carta redigida na quarta-feira (09/1), o juiz distrital dos EUA, Richard Bennett, escreveu que o governo precisará fornecer essas cópias apenas se for determinado que Martin abriu os documentos roubados da NSA. Você pode ler a carta no anexo abaixo (em inglês):

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Ironia

A ironia do caso é que a Kaspersky mantém em um relacionamento tenso com o governo dos EUA. Isso porque agências federais e congressistas do país já acusaram a empresa de segurança digital de trabalhar com o governo russo.

Essa acusação levou vários países a abandonarem a Kaspersky, incluindo a Holanda e o Reino Unido. A empresa negou qualquer vínculo com o governo russo e argumentou que a inteligência dos EUA não forneceu nenhuma evidência que a conectasse ao Kremlin.

A Kaspersky Lab se recusou a comentar o caso, bem como o Departamento de Justiça norte-americano.
 
Via Cnet