Imagine estar numa mesa de operação e escutar a famigerada frase “as definições de vírus foram atualizadas”. Não foi bem isso que aconteceu nos Estados Unidos, mas foi próximo: um procedimento cardíaco precisou ser interrompido graças a um problema no software antivírus de uma máquina necessária para o andamento da operação.
O computador em questão inclui um módulo que coleta dados de pacientes e um monitor-PC conectados por um cabo. O equipamento, chamado Merge Hemo, criado pela empresa Merge Healthcare, com sede no estado do Wisconsin, nos EUA, permite obter informação de diagnóstico em tempo real do paciente durante uma cirurgia de cateterização do coração, no qual um tubo é colocado em um vaso sanguíneo para avaliar como o órgão está funcionando.
O alerta emitido pela FDA (Food and Drug Administration, um órgão americano que se aproxima da Anvisa) conta que, durante um procedimento em março deste ano, o monitor-PC perdeu a comunicação com o cliente, fazendo com que o monitor ficasse preto, necessitando que o aparelho fosse reiniciado durante a operação.
Foi descoberto que o sistema antimalware estava fazendo varreduras a cada hora, o que interferiu no desempenho da máquina, o que poderia ter causado problemas no monitoramento do paciente. No entanto, a cirurgia continuou normalmente depois que o aparelho foi reiniciado, e não houve maiores problemas.
Ao que tudo indica, o problema foi causado por falha humana, uma vez que o sistema foi mal configurado, contrariando as instruções de instalação de software antivírus. As recomendações de segurança dão sugestões para escanear apenas os arquivos potencialmente vulneráveis no sistema e pular as imagens médicas e arquivos de dados de pacientes. “Nossas experiências mostram que a configuração imprópria de software antivírus pode ter efeitos adversos incluindo interrupções e desempenho clínico inutilizável”, diz o manual.
Independentemente de quem foi o culpado pela falha na máquina na hora mais importante, o caso serve como um alerta para a dependência dos computadores em funções cada vez mais sensíveis. Sim, a tecnologia facilita o trabalho e ajuda a salvar vidas, mas ela também pode se tornar uma vilã quando usada de forma errada; neste caso, uma vida poderia ter sido perdida por uma configuração incorreta, o que felizmente não aconteceu.
Via Ars Technica