China e Rússia têm a capacidade de lançar ataques cibernéticos contra os EUA que poderiam, pelo menos temporariamente, atingir a infraestrutura de energia e gás do país. A informação foi divulgada pelo Worldwide Threat Assessment of the US Intelligence Community (Relatório mundial de ameaças da Inteligência dos EUA), um documento publicado anualmente, que lista as ameaças mais significantes para o Estados Unidos e seus aliados.

O documento diz que a China e a Russia são as maiores ameaças para ataques cibernéticos e espionagem para o EUA, mas também alertou que outros adversários e competidores estratégicos vão cada vez mais construir e integrar a ciberespionagem.

O relatório avisou que rivais do Estados Unidos estão experimentando mais maneiras de moldar e alterar informações e sistemas dos quais o país depende.

“Conforme conectamos e integramos bilhões de novos dispositivos digitais nas nossas vidas e nos processos de negócios, adversários e competidores estratégicos certamente irão ganhar nova visão interna e acesso à nossas informações protegidas”, diz o documento.

Em particular, o relatório alertou que a China é uma ameaça persistente em espionagem e ataque para a rede militar dos Estados Unidos e infraestruturas importantes do país.

“A China continua sendo o competidor mais ativo estrategicamente para espionagem cibernética contra o governo dos EUA, corporações e aliados”, comenta. Há ainda o alerta de que a inteligência norte-americana está preocupada com o potencial da inteligência chinesa, com o uso serviços de empresas de tecnologia, usadas como plataformas de espionagem contra o EUA.

“A China tem a habilidade de lanças ataques cibernéticos que causam efeitos disruptivos locais e temporários em infraestruturas cruciais- como uma falha de uma linha de gás natural durante dias ou semanas- nos Estados Unidos”, alertou.

Rússia também é vista como séria ameaça

O documento também alerta sobre ameaças vindas da Rússia, vistas também como um risco de espionagem cibernética e ataques para o EUA.

“Moscou continua a ser um adversário altamente capacitado em espionagem, ataques e operações de influência cibernética para alcançar seus objetivos políticos e militares. Moscou está iniciando ferramentas de ataque cibernético que permitem gerar danos ao civis norte-americanos e à infraestrutura militar durante uma crise e se apresenta como uma ameaça cibernética importante”, o documento dizia.

Ele dizia que a inteligência Rússia e os serviços de segurança continuam mirando em sistemas de informação do Estados Unidos, assim como redes da OTAN e seus aliados, para obter informações técnicas, planos militares e visão interna nas políticas governamentais norte-americanas.

“Rússia tem a habilidade de executar ataques cibernéticos no Estados Unidos que geram efeitos localizados e temporários em infraestruturas cruciais – como ruir uma rede de distribuição elétrica por pelo menos algumas horas- parecido com aqueles demonstrados na Ucrânia em 2015 e 2016. Moscou está mapeando nossa infraestrutura importante com a meta a longo tempo de conseguir causar danos substanciais”, o documento alertou.

“Conforme o mundo se torna cada vez mais interconectado, nós esperamos que esses atores, e outros, se apoiem mais e mais em capacidades cibernéticas quando quiserem ganhar vantagens política, econômica e militar”, disse o Diretor da Inteligência Nacional dos EUA, Dan Coats para o Comitê de Inteligência do Senado.

A tecnologia por si só pode também se tornar uma ameça, alertou Coats. “Avanços em áreas como Inteligência Artificial, tecnologias de comunicação e biotecnologia estão mudando nosso modo de viver. Mas nossos adversários também estão investindo pesadamente nessas tecnologias e eles são capazes de criar novos e nunca antes vistos desafios para nossa saúde, economia e segurança”, ele disse.

A inteligência norte-americana também alerta que as eleições presidenciais de 2020 são alvos prováveis de ataques novamente. “Nós esperamos que nossos adversários e competidores estratégicos melhorem suas capacidades e adicionem novas táticas conforme eles aprendam a partir de suas experiências anteriores,sugerindo que o cenário da ameaça pode ser muito diferente em 2020 e em eleições futuras”.

Em particular, dizia que o esforço das mídias sociais russas continuarão focados em agravar tensões sociais e raciais, diminuindo a confiança em autoridades e criticando conhecidos políticos anti-Rússia. Também comentou que Moscou pode empregar ferramentas adicionais como “espalhar desinformação, conduzir operações de hackeamento e vazar informações ou manipular dados- de um jeito mais desenhado para influenciar a polícia norte-americana, ações e eleições”.