Canais fraudam o YouTube para receber dinheiro com visualizações falsas

Renato Santino08/03/2017 23h53, atualizada em 09/03/2017 00h00

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O YouTube é uma fonte de renda e tanto para quem tem canais grandes. Vídeos com centenas de milhares ou às vezes até milhões de exibições podem gerar um bom dinheiro para seus produtores. O desafio, no entanto, é alcançar público no meio de tanto conteúdo despejado diariamente na página. Alguns melhoram seu material; outros, recorrem a maneiras mais sensacionalistas e apelativas para atrair audiência. E há aqueles que simplesmente trapaceiam o algoritmo do YouTube.

Um canal identificado como Anonymous no YouTube postou a denúncia de que alguns usuários da plataforma têm usado bots. A intenção é alavancar suas visualizações e as estatísticas de retenção de uma forma incrivelmente criativa, o que contribui para levantar um caminhão de dinheiro no processo. Os canais acusados são dois, que trabalhariam em parceria: “Café com Cinema” e “uJoãozinho Vine”; o segundo afirma que não sabia do esquema e que foi enganado.

O truque consiste em incorporar o vídeo em um site razoavelmente inocente. No caso identificado, trata-se de um site que permite assistir a episódios de anime (os desenhos animados japoneses) gratuitamente por streaming, o que, naturalmente, atrai milhares (talvez milhões) de espectadores.

A “mágica” acontece quando o usuário decide clicar no vídeo para rodar o episódio de “Naruto” ou alguma outra série a que ele prefira assistir. Com uma série de scripts ocultos embutidos na página, o vídeo do YouTube começa a ser executado no plano de fundo e sem som, para que o usuário não perceba o que está acontecendo.

Como um episódio de anime normalmente dura cerca de 20 minutos, o vídeo do YouTube pode ser exibido por inteiro, e os anúncios não são fechados nem pulados. Isso faz com que a plataforma entenda que os usuários que assistiram àquele conteúdo adoraram o material, fazendo com que ele seja sugerido para outras pessoas, aumentando radicalmente o seu alcance. O processo todo tem como objetivo maximizar os ganhos com publicidade no serviço do Google.

A abordagem genial, no entanto, é uma fraude mais do que óbvia, uma vez que estamos falando de dinheiro real. Anunciantes pagam para ter seus vídeos vistos e o YouTube paga os produtores de conteúdo pelos anúncios que seu público vê. Quando ninguém está vendo nada, mas as estatísticas são infladas e o dinheiro continua fluindo, estamos falando, no mínimo, em violação dos termos de uso da plataforma.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital