Estamos vivendo atualmente uma integração entre o mundo físico, digital e biológico, onde os wearables que usamos nos levam mais facilmente à internet, disponibilizando a cada segundo uma grande quantidade de dados. Isto acontece com os nossos celulares e outros dispositivos IoT que adoramos utilizar e muitas vezes não nos damos conta de quanto vulnerável estamos.

Institutos de pesquisas demonstram que os dispositivos conectados à internet ainda devem crescer muito. O Cisco IBSG prevê que alcançaremos 50 bilhões de dispositivos conectados à internet até 2020.

Atrelados a este crescimento de dispositivos conectados à internet, temos a evolução de aparelhos conectados ao nosso corpo. E, partindo do pressuposto de que o funcionamento do ser humano está baseado em reações químicas e microdescargas elétricas, me resta fazer a seguinte pergunta: Podemos imaginar que as tais descargas elétricas possam ser hackeadas por pessoas bem ou mal-intencionadas? Seria possível hackear nossas ondas cerebrais?

A resposta é sim! Para hackear as nossas ondas cerebrais, basta utilizar um dispositivo portátil que consiga captar as ondas eletromagnéticas cerebrais e assim estabelecer um monitoramento eletrofisiológico da atividade cerebral humana. Com isto é possível descobrir, por exemplo, se a pessoa está em um estado elevado de alerta exercitando a lógica, raciocínio crítico ou relaxamento. Tudo isto a distância, sem que a pessoa saiba que está sendo monitorada.

Tais dispositivos já estão sendo vendidos por menos de cem dólares, como é o caso do NeuroSky MindWave que pode ser encontrado no e-commerce da Amazon. Com ele é possível hackear ondas cerebrais e atribuir comandos a elas, como por exemplo fazer uma cadeira de rodas se movimentar através das ondas cerebrais de um tetraplégico.

Aprofundando um pouco mais o hackeamento de biossinais, você acha que seria possível alguém controlar os estímulos da mão de outra pessoa? Ou seja, quando um indivíduo emitir impulsos elétricos cerebrais para controlar a sua mão, poderia ele controlar a mão de uma outra pessoa?

Novamente a resposta é sim! Através de uma placa de arduino, um software e um aparelho conhecido como TENS – usado em fisioterapia para neuroestimulação elétrica transcutânea – podemos conectar duas pessoas e uma controlar os estímulos do braço da outra. Para tanto, basta coletar os impulsos elétricos da primeira pessoa, que pode ser feito através de eletrodos colados na pele sobre o nervo ulnar que é o mais próximo da pele e que controla os dedos mínimos e anelar. Depois da coleta dos impulsos elétricos, inserimos microdescargas elétricas no mesmo nervo da segunda pessoa – assim, quando a primeira acionar seus dedos mínimos e anelar, estará acionando os dedos mínimos e anelar da outra pessoa. Tudo isto sem nenhuma incisão cirúrgica, somente utilizando tecnologias emergentes.

São dois exemplos simples de como podemos hackear biossinais e demonstra como a tecnologia pode ser um atalho para soluções nunca antes pensadas