Fazer diferente…renovar…pensar fora da caixa…transformar. Todas essas ações podem ser sinônimo de inovar; hoje, palavra de ordem no mundo dos negócios, seja para que um novo empreendimento saia do papel ou para que aquela empresa já estabelecida continue crescendo e se mantenha competitiva no mercado. A realidade é cruel, as que param no tempo e acreditam cegamente em sua plenitude ou ficam para trás ou simplesmente fecham as portas.
Em seu tradicional ranking anual com as empresas mais inovadoras do mundo, a Fast Company – uma marca de mídia de negócios com foco em tecnologia, liderança e design – analisou 350 empresas de todo o mundo. Na lista das dez companhias mais inovadoras da América Latina em 2018 cinco brasileiras se destacam: Nubank, 99, BovControl, Magazine Luiza e CargoX. A gente conversou com três delas para descobrir não só como chegaram até lá, mas também o que fazem de diferente e como a tecnologia está presente no dia a dia dos negócios.
Fundada em 2012, a 99 é uma empresa e aplicativo de transporte particular. Em janeiro deste ano, a empresa foi comprada por um grupo chinês por um bilhão de dólares, o que lhe rendeu o título de unicórnio: uma empresa que começou pequena, mas já impacta o mundo. A inovação está no DNA da 99 que busca dar respostas cada vez mais rápidas às necessidades dos seus usuários.
Um ano depois, em 2013, nasceu o Nubank, uma startup brasileira de serviços financeiros; primeiro apenas com um cartão de crédito e, mais recentemente, com a oferta também de uma conta digital aos seus clientes. E foi este ano, 2018, que o Nubank também alcançou o status de unicórnio ao ser avaliado em um bilhão de dólares. Inovar, para eles, foi o que fez o negócio surgir, afinal cartão e crédito e conta bancária já existem há bastante tempo…
E, ainda mais novinha, em 2014 foi a vez de surgir no mercado a CargoX ((lê-se “cargo xis”)), uma empresa de tecnologia e transporte com a desafiadora missão de, através da inovação, transformar o mercado de logística ao conectar ofertas de cargas a caminhoneiros autônomos. No ano passado, a empresa atingiu a marca de 150 milhões de reais em faturamento…
Apesar de igualmente inovadoras, nenhuma das três empresas realmente para para pensar na questão de inovar. Elas sequer possuem uma área específica de inovação. Para chegar onde estão, foi preciso ir um pouco além sobre o entendimento do conceito do que realmente é inovar.
Existem diferentes possibilidades de inovar um negócio. As mais evidentes estão na criação de novos produtos ou serviços. Mas também é possível inovar pensando em novos mercados ou novos modelos de negócio. Em todos os casos, o uso da tecnologia por si só não é garantia de fazer algo diferente. Sim, é preciso primeiro trabalhar a cabeça e a forma de pensar dos envolvidos; depois, sim, a tecnologia certa, bem aplicada, quase nunca falha.
O Nubank, por exemplo, inovou a forma de atendimento ao cliente basicamente fugindo da tecnologia. Enquanto a maioria das empresas aposta em atendimentos eletrônicos e robóticos cada vez mais precisos e complexos, a startup preferiu usar muita tecnologia para dar autonomia ao usuário, mas quando aparece um problema e o cliente precisa de ajuda, o atendimento é humano…100%!
A 99 respira tecnologia; isso significa inovação dentro e fora da companhia. É a primeira empresa brasileira com sistema integrado ao governo para o cadastro de motoristas; o processo que antes levava 13 dias para ser efetivado, hoje é feito em apenas três horas. Um novo algoritmo de inteligência artificial reduziu em 40% o índice de roubos dos colaboradores. Novas tecnologias permitem hoje uma conexão entre passageiro e motorista até 20% mais rápida. E, ainda mais ousado é o trabalho rumo às cidades inteligentes. A ideia é usar dados gerados pelas corridas para melhorar o fluxo de trânsito nas cidades; em um futuro próximo, usando inclusive integração com os semáforos…
Na CargoX, a inovação maior foi usar a tecnologia para conectar cargas e caminhoneiros, um serviço que sempre existiu, mas agora saiu do mundo offline para o mundo online. Aqui dentro, eles usam inteligência artificial e análise de dados para garantir a qualidade de serviço para ambas as partes: o caminhoneiro que não fica parado e os clientes que precisam transportar uma carga com segurança e bom preço.
As três empresas dividem o mesmo orgulho de estarem entre as mais inovadoras do país. Mas concordam que não dá para se acomodar agora. Atingir o status é, sim, difícil, mas ainda mais desafiador é se manter no topo…