Relembre os fracassos do Google em seus 20 anos

Daniel Junqueira28/08/2018 20h32, atualizada em 10/09/2018 15h25
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Os 20 anos de história do Google, completados neste mês, não foram só de conquistas (relembre aqui).  Apesar de ser hoje uma das maiores e mais influentes empresas do planeta, nem tudo o que o Google tentou deu certo: na verdade, muitos produtos lançados acabaram abandonados algum tempo depois sem muito alarde, conforme cada vez menos pessoas acessavam e usavam determinados serviços.

Abaixo selecionamos algumas investidas fracassadas do Google, seja em produtos específicos, ou em categorias inteiras de serviços e apps que simplesmente não decolaram. Para cada motor de busca ou serviço de e-mail bem-sucedido, a empresa também lançou plataformas de vídeo ou peças de hardware que jamais chegaram às lojas.

Google Glass

Um dos fracassos mais icônicos do Google certamente é o Glass: os óculos de realidade aumentada prometiam um futuro brilhante em que informações do mundo virtual se misturavam ao real, mas, na prática, o aparelho não servia para muita coisa.

O Google Glass tinha um hardware bem básico e uma proposta simples: a partir de uma das lentes dos óculos, o usuário poderia checar informações do mundo ao seu redor com acesso à internet: olhe para uma placa quando estiver em uma viagem e confira a tradução direto na tela do Glass.

Apesar de todos os esforços do Google, o Glass não agradou. Ele era caro quando foi lançado (US$ 1,5 mil por uma versão de testes) e logo se mostrou pouco útil.

Depois do barulho inicial, o produto foi sendo esquecido, até que o Google mudou sua abordagem. O Glass Enterprise Edition, lançado em 2013, era voltado para profissionais de áreas bem específicas que podem se beneficiar dos dados em tempo real que os óculos oferecem. Para o público geral, no entanto, ele não serve para quase nada.

Google Video

Concebido na mesma época do YouTube e com uma proposta similar – uma plataforma para usuários enviarem e compartilharem vídeos próprios -, o Google Video não precisou de muito tempo para perceber que o fim estava chegando: ele foi lançado em janeiro de 2005, e em novembro do ano seguinte o YouTube foi comprado pelo Google por US$ 1,6 bilhão.

A aquisição de um rival que se tornou mais popular é um sinal claro de que um serviço está fadado ao fracasso. O Google Video resistiu por algum tempo depois: ele aceitou novos envios de usuários até 2009, e foi definitivamente desativado em 2012.

Hoje em dia até existe um “Google Video”: é uma versão do motor de busca adaptada para vídeos, que consegue buscar conteúdo mesmo fora do YouTube.

Nexus Q

Uma das primeiras investidas do Google no mundo do hardware não chegou nem a ser vendida em lojas. O Nexus Q foi apresentado em 2012 como um “reprodutor de mídia social”, mas acabou sendo abandonado pouco tempo depois sem nunca ter sido enviado a compradores e foi abandonado de vez em janeiro de 2013.

O Nexus Q era uma espécie de set-top box dedicado à internet: ele podia transmitir vídeos do YouTube na TV, assim como filmes e séries adquiridos pela Play Store. O dispositivo também funcionava como um alto-falante para reprodução de música. Ele deveria custar US$ 299. Parte do seu conceito foi reaproveitado no Chromecast, lançado no ano seguinte.

Celulares com Android puro

Em 2013, o Google queria aumentar a oferta de celulares top de linha com Android puro, e para isso anunciou o programa Google Play Edition. Com ele, aparelhos de outras fabricantes eram vendidos através da Play Store e acompanhavam a versão limpa do Android, sem as tradicionais alterações que cada empresa faz para seus dispositivos e com atualização por conta do Google – nada de esperar meses para a Samsung atualizar o celular.

Os primeiros aparelhos do programa foram o Galaxy S4 e o HTC One M7. Depois, Sony Z Ultra, LG G Pad e até o primeiro Moto G foram disponibilizados com o Android sem alterações. Porém, o projeto nunca deu muito certo e acabou sendo abandonado. Em 2015, o Google parou de vender a versão Google Play Edition de smartphones em sua loja virtual.

A empresa acabou adotando outras abordagens para oferecer Android puro a uma quantidade maior de usuários: o atual projeto Android One segue essa linha, e o Android Go faz algo parecido em dispositivos baratos.

Redes sociais

Apesar de toda a importância do Orkut para as redes sociais especialmente no Brasil, o fato é que o Google nunca foi muito bem-sucedido nessa área: quando ficou claro que nomes como Facebook e Twitter cresciam e ameaçavam o Orkut, o Google não foi capaz de reverter a situação e seguir competitivo neste setor.

A primeira tentativa veio em 2009 com um projeto pra lá de ousado: o Wave juntava recursos de redes sociais com ferramentas de produtividade como o Google Docs, e tudo isso em uma interface que lembrava um pouco a dos e-mails. O vídeo de apresentação era fantástico, mas o produto final não: parecendo uma versão alfa pouco funcional, o Wave era uma bagunça.

Foi lançado para alguns convidados em setembro de 2009, passou a aceitar o público geral em maio de 2010 e, em agosto do mesmo ano, teve o desenvolvimento interrompido. O Wave saiu do ar em abril de 2012 e seu desenvolvimento foi repassado para a Apache Software Foundation, que acabou matando de vez o serviço em janeiro de 2018.

Em fevereiro 2010 o Google fez uma nova investida no formato do Google Buzz, que era uma espécie de Twitter expandido.O usuário podia compartilhar links, fotos, vídeos e mais com seguidores, que podiam comentar ou compartilhar o conteúdo com mais gente. Sem ganhar força com o público e acusado de comprometer a privacidade dos usuários, o Buzz durou pouco tempo no ar e foi descontinuado oficialmente em dezembro de 2011.

A mais recente tentativa na área é o Google+, que ainda está no ar. Lançado em meados de 2011, na época em que o Facebook se consolidava como principal rede social do mundo, o Plus jamais decolou: a divisão de amigos em “círculos sociais” não caiu no gosto do público, o botão +1 não se tornou padrão na internet como o “Curtir” do Facebook, e as estatísticas de uso da rede nunca foram empolgantes.

Aplicativos de mensagens

Primeiro veio o Google Talk, incorporado ao Gmail e a outros serviços. Ele oferecia acesso rápido e simples à agenda de contatos para troca de mensagens em tempo real. Quando o mundo da tecnologia se dirigia aos smartphones, o Talk foi reformulado.

Agora com nome Hangouts, ele foi feito para funcionar em diferentes plataformas: no PC, no Android, no iOS. Onde quer que o usuário estivesse no mundo, ele poderia acessar o Hangouts para conversar com amigos pela internet.

Em 2016 foi a vez do Allo e do Duo, dois apps que se complementam. Enquanto o Allo oferece conversas por texto e integração com o Google Assistente, o Duo tenta simplificar as conversas por vídeo.

O Google ainda tentou lançar apps de SMS para Android, mas, no geral, a empresa jamais teve sorte no mundo das mensagens instantâneas.

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital

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