Relatório implica Apple, Samsung e Microsoft em cadeia de trabalho infantil

Redação19/01/2016 11h01

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Um relatório produzido pela Anistia Internacional e pela ONG Afrewatch, da República Democrática do Congo (DRC), apontou que empresas como Apple, Microsoft, Samsung, Sony e Volkswagen se beneficiam, em sua cadeia produtiva, de cobalto minerado por trabalhadores infantis em condições precárias.

O relatório, chamado em tradução livre de “Isso é pelo que morremos: abusos de direitos humanos na República Democrática do Congo movem o mercado global de cobalto“, traçou a origem do minério de cobalto usado na fabricação de batrías usada em carros, smartphones e tablets das empresas citadas no parágrafo anterior.

Trilha de cobalto

De acordo com as organizações, cobalto extraído na DRC por trabalhadores infantis é vendido à empresa chinesa Congo Dongfang Mining International (CDM), uma empresa subsidiária da Huayou Cobalt. A Huayou Cobalt, por sua vez, processa o metal e vende-o para fabricantes de baterias das quais empresas como Apple, Samsung, Microsoft, Huawei, Lenovo, Dell, Volkswagen, HP, LG, Mercedes e Sony.

Dessas empresas, a Samsung, a Mercedes, a Sony, a Huawei e a Volkswagen negaram importar cobalto da Huayou Cobalt ou da RDC, embora fossem listadas como clientes nos documentos das fabricantes de bateria. No entanto, de acordo com o relatório, nenhuma das empresas forneceu informações suficientes para verificar, de maneira independente, de onde vinha o cobalto de seus produtos.

Condições de trabalho

Segundo a Anistia Internacional, mas de metade do cobalto usado no mundo vem da RDC, e é extraído por trabalhadores precarizados, muitos dos quais são menores de idade. Elas chegam a trabalhar 12 horas por dia nas minas, sem qualquer equipamento de proteção, para ganhar enrte um e dois dólares por dia.

De acordo com a UNICEF, em 2014 mais de 40 mil crianças trabalhavam em minas no sul da RDC, muitas delas na mineração de cobalto. A Anistia Internacional também afirma que, entre setembro de 2014 e dezembro de 2015, pelo menos 80 mineradores morreram nas minas, embora considere que o número real deva ser maior já que mmuitos acidentes acontecem sem ser registrados.

Conclusões

Para as organizações, o relatório mostra que as empresas que fazem parte da linha produtiva do cobalto não estão abordando os riscos de direitos humanos da cadeia. Mark Dummett, pesquisador da Anistia Internacional, considera que “empresas cujos lucros globais chegam a US$ 125 bilhões por ano não podem dizer coerentemente que são incapazes de determinar de onde vêm minerais essenciais de seus produtos”.

“Sem leis que obriguem empresas a checar e divulgar informação sobre a origem dos minérios e seus fornecedores, as empresas podem continuar a se beneficiar de abusos de direitos humanos”, continua Dummett. Ele acredita também que, além de interromper negociações com fornecedores abusivos, as empresas devem também ter “ações de reparação sobre o dano sofrido pelas pessoas cujos direitos humanos foram abusados”.

A Anistia Internacional e a Afrewatch recomendam que empresas que usam baterías de íon-lítio investiguem a fonte de extração do cobalto de seus produtos, e também estão convocando a China a exigir que empresas chinesas operando fora do país investiguem suas cadeias produtivas para eliminar casos de abusos de direitos humanos.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital