Reino Unido acredita que poder de Facebook e Google prejudica concorrência

Órgão regulador sugere criação de código de conduta para evitar que gigantes da tecnologia travem o surgimento de novos competidores
Equipe de Criação Olhar Digital02/07/2020 00h15

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O órgão regulador de competitividade do Reino Unido está sugerindo a criação de uma nova legislação para controlar de perto Facebook, Google e outras empresas que tenham publicidade digital como principal fonte de receita. A Competition and Markets Authority (CMA) diz que as leis atuais não são suficientes para uma regulamentação efetiva da atuação dessas grandes corporações.

A proposta da CMA foi concebida após um estudo iniciado no ano passado para avaliar a eficácia da legislação no controle de empresas como Facebook e Google. O objetivo, de acordo com o órgão, seria criar medidas para impedir que gigantes da tecnologia adotem “práticas exploradoras ou exclusivas” ou façam qualquer coisa que diminua a transparência e a confiança pública.

Trata-se de uma proposta bastante polêmica e que certamente vai encontrar resistência. Uma das ações sugeridas pelos reguladores é que o Google entregue dados de buscas – o tipo de pesquisas feitas, os links clicados por usuários e mais – para que seus concorrentes consigam desenvolver algoritmos que estejam à altura do buscador do Google, oferecendo assim novas opções para usuários.

Já o Facebook teria que “aumentar a interoperabilidade com redes sociais concorrentes”, e adicionar uma opção para usuários escolherem se querem ou não receberam anúncios personalizados.

Obstáculo para concorrência

De acordo com a CMA, empresas como Google e Facebook hoje em dia têm posição tão consolidada no mercado que é impossível que pequenas companhias concorram de igual para igual. O órgão britânico diz que a capacidade dessas empresas de coletarem dados de usuários é incomparável e permite que elas treinem algoritmos e serviços personalizados que não poderiam surgir em outros lugares.

Outra preocupação é a expansão dessas empresas para além da internet e tecnologia pessoal: o Google faz parte da Alphabet, que também desenvolve drones para entrega e carros autônomos. Em comparação a outras iniciativas na área, essas gigantes teriam grande vantagem, principalmente por ter dinheiro para adquirir qualquer startup que apresente resultados minimamente satisfatórios.

“Cada um desses fatores representa individualmente uma barreira em potencial para novos competidores,” explica o órgão regulador, que teme que a situação atual reduza a inovação e crie um ambiente em que, com poucas opções, consumidores acabem entregando mais dados pessoais do que gostariam nessas plataformas.

O próximo passo da CMA é a criação de uma força-tarefa para desenvolver um código de conduta para as gigantes da tecnologia. O objetivo é aprofundar os estudos realizados até agora ao longo dos próximos seis meses, atuando inclusive ao lado dessas grandes corporações, e verificar até que ponto é necessária uma ação do governo britânico para solucionar os problemas identificados no mercado.

Via: Engadget