Hoje em dia, o consumo de entretenimento depende basicamente de duas coisas: eletricidade e Wi-Fi. No entanto, as estruturas de energia e internet de nossas casas continuam sendo duas coisas separadas. A ideia da HomePlug é promover esta união.
A HomePlug é um grupo formado por cerca de 50 empresas, entre elas Qualcomm, D-Link e TP-Link, que tem como objetivo criar novas soluções de conectividade. A principal ideia é usar a rede elétrica da sua casa para transmitir sinal de internet também. Ao projeto, o grupo dá o nome de Powerline.
No fim do ano passado, a Anatel aprovou os produtos da HomePlug para venda no Brasil, e Rob Ranck, presidente da aliança, espera que o país se torne um dos maiores mercados para a tecnologia.
Como funciona?
Basta conectar um adaptador HomePlug a uma tomada próxima de seu roteador, por meio de cabo de rede. Em seguida, é possível usar um segundo adaptador em outra tomada e conectar mais um dispositivo a ele com outro cabo de rede: é como se a internet viajasse pelas tomadas.
Este outro dispositivo pode, por exemplo, ser um console de videogame que fica longe demais do roteador para manter uma conexão confiável. Pode, ainda, ser outro roteador, para criar uma rede sem fio em um local mais distante da casa.
A tecnologia, segundo Ranck, é confiável e intuitiva porque “você pode ter uma rede em qualquer lugar que tenha uma tomada”. Como os computadores e SmartTVs precisam ser ligados na tomada, é natural que, com essa alimentação, venha também a conexão de rede.
Para Ranck, contudo, o ideal não é apenas usar dispositivos com a certificação HomePlug para todas as necessidades de rede de uma casa. “O ideal é ter a rede HomePlug para os seus aparelhos conectados à rede elétrica e ter uma rede se fio para aparelhos móveis, como tablets e smartphones”, disse. Na opinião dele, as duas tecnologias se complementam.
Tecnologias complementares
Segundo Purva Rajkotia, gerente de produtos da Qualcomm, trata-se de uma tecnologia essencial para um mundo no qual o consumo de dados aumenta rapidamente. Ele define o processo como um intermediário entre WiFi (uma tecnologia ótima para dispositivos móveis usando aplicações que consomem poucos dados) e conexões via cabo (para alta demada de dados).
A previsão para os próximos anos é que os países emergentes, como o Brasil, respondam por metade do mercado de dispositivos certificados. “É natural que, conforme a sociedade e os mercados se desenvolvam, a demanda por dados aumente e, com isso, a demanda por soluções de conectividade”.
Dentro da certificação HomePlug, existem três níveis de tecnologia operando. A primeira delas se chama Green PHY, que é otimizada para aplicações de pequena demanda de dados e energia. Ela é voltada para aparelhos inteligentes e de casas conectadas, pois por mais que sua largura de banda seja menor, ela perde menos com a distância.
Além desta, existem as certificações HomePlug AV e AV2, indicadas para aparelhos mais exigentes – a certificação AV2 oferece de 200Mbps a 500Mbps de velocidade, e a AV2 de 500Mbps a 1Gbps. Estas três tecnologias podem se comunicar entre si, o que permite criar uma rede completa de dispositivos conectados – desde computadores até lâmpadas inteligentes – ao longo de toda a casa.
Parceria com operadoras
A HomePlug pretende firmar parcerias com operadoras de telecomunicações. Segundo Rajkotia, os acordos poderiam ajudar as empresas a melhorar os serviços prestados. “Não faz sentido para o consumidor pagar por uma velocidade de conexão que ele não vai conseguir aproveitar”, diz.
Nos Estados Unidos, enviar uma pessoa para consertar um problema na rede doméstica de um cliente custa à operadora US$ 600 – seja para recriar a rede toda, seja para meramente reiniciar o modem do cliente. A facilidade de uso dos adaptadores HomePlug, segundo Rajkotia, permitiria às operadoras economizar dinheiro com visitas de manutenção e instalação.
Segundo o executivo, o consumo de energia dos adaptadores é praticamente desprezível, chegando a menos de 200mW em alguns casos. Com isso, os aparelhos não devem impactar significativamente a conta de luz de seus usuários.
Vídeo 4K
Para Nelson Ito, gerente de negócios com provedores da TP-Link, os adaptadores HomePlug funcionam bem com serviços de IPTV, tais como a Netflix. Assistir a vídeos em HD na Netflix exige uma conectividade de 5Mbps. Vídeos 4K, por sua vez, exigem 25Mbps – cinco vezes mais.
Trata-se, portanto, de uma demanda considerável de rede, que exigiria que o computador ou a SmartTV estivessem próximos do roteador Wi-Fi. Com o HomePlug, por sua vez, bastaria conectar um adaptador ao lado do roteador e outro ao lado da TV.
De acordo com Ito, essa solução é preferível, até mesmo, ao uso de repetidores de Wi-Fi. Em testes realizados pela TP-Link, o adaptador HomePlug chega a oferecer uma taxa de transferência de dados até quatro vezes maior que um repetidor na mesma situação.
Recentemente, a TP-Link esteve presente na Brasil Game Show para demonstrar soluções de HomePlug para jogos. Games exigem uma largura de banda considerável e um tempo de resposta rápido, demandas que a conexão Wi-Fi não atende de maneira consistente.
O vídeo abaixo (em inglês) mostra como adaptadores podem ser utilizados para esteder uma rede doméstica:
Futuro
A TP-Link espera, em 2015, vender 5,6 milhões de adaptadores HomePlug no mundo todo. Em 2014, foram aproximadamente 4,6 milhões. No México, 93% das vendas desses adaptadores foram feitas por meio de parcerias com as operadoras de telecomunicações.
Para o futuro, Ito acredita que no surgimento de roteadores híbridos capazes de de oferecer Wi-Fi e também as soluções HomePlug quando conectados à tomada, levando a internet a toda a rede elétrica da casa.
O Olhar Digital já testou um adaptador HomePlug da D-Link. Veja como foi.