Realme desafia Motorola e diz que Xiaomi surpreendeu com preço alto

Em entrevista ao Olhar Digital, fabricante chinesa comenta estratégia de lançamento e cenário atual de concorrentes no Brasil
Wellington Arruda24/11/2020 14h47, atualizada em 24/11/2020 15h00

20201124120555

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A fabricante chinesa Realme vai estrar no Brasil em dezembro. A empresa se tornou independente em 2018 e já atingiu a marca de 50 milhões de smartphones distribuídos. No Brasil, como explica Sherry Dong, diretora de marketing da empresa para a América Latina, a ideia “é ser o game changer da indústria de smartphones e popularizar o 5G“.

Em entrevista ao Olhar Digital, a executiva da Realme disse que o plano de lançar a marca no Brasil foi sendo encorpado logo no início de 2020. No entanto, “a pandemia nos fez desacelerar nossos passos”, disse ela. A expectativa da companhia é ser uma das cinco principais marcas da América Latina em cinco anos. No Brasil, ela estima estar entre as três principais no mesmo tempo.

“O Brasil sempre foi um mercado-chave, pois tem grande influência em toda a região da América Latina. Entrar neste mercado pode ajudar a Realme a amplificar sua voz e atrair mais atenção para toda a América Latina”, disse Dong.

No terceiro trimestre de 2020, estima a Counterpoint, a Realme cresceu 132% e distribuiu quase 15 milhões de dispositivos. O crescimento da marca foi o mais expressivo entre as concorrentes, e agora ela ocupa a sétima posição no ranking global.

Reprodução

Smartphones da Realme são comercializados também no mercado europeu. Imagem: Realme/Reprodução

Foco no público jovem

A Realme vai distribuir seus produtos diretamente no Brasil. De início, eles não serão produzidos localmente. No comunicado de lançamento, a empresa destacou o foco no público jovem. Durante a entrevista, perguntamos se isso tem alguma relação com o fato da marca também ser jovem.

“Sim, é porque somos uma marca jovem. A maioria de nós na Realme tem menos de 30 anos. Como somos jovens, acreditamos que os jovens têm o poder de mudar o mundo”, disse Dong. Ela contou que no início “muitas pessoas duvidaram de como a Realme sobreviveria em uma indústria tão competitiva”.

“Os jovens brasileiros há muito se mostram muito abertos para testar novas tecnologias e o nível de instrução técnica e entusiasmo no país é alto. Com base no feedback nas plataformas sociais, acreditamos que os jovens brasileiros anseiam por um novo jogador”, comentou a executiva.

A Realme nasceu como uma subsidiária da Oppo, outra fabricante chinesa que se tornou popular. No Brasil, a empresa terá uma “equipe localizada e em estreita colaboração com as operadoras locais, parceiros de canal para fornecer produtos mais adequados e experiência premium para nossos consumidores”.

Concorrência com Samsung, Motorola e Xiaomi

Dong diz que a chegada de empresas como Huawei e Xiaomi não teve forte impacto na decisão de estreia no Brasil. Segundo ela, a estratégia da Xiaomi surpreendeu pelo preço alto dos produtos. “As ideias iniciais que a Xiaomi foi fundada são ‘Inovação para todos’. Mas o preço no Brasil é muito mais alto do que em qualquer outro mercado”, afirmou.

Mas, por outro lado, a estreia das outras marcas chinesas fizeram a Realme “ver a grande oportunidade aqui”. “A chegada da Huawei e da Xiaomi simplesmente mostra como o mercado brasileiro é visado por todos os concorrentes.”

Reprodução

Smartphone Realme 5i traz quatro câmeras na traseira e bateria de 5.000 mAh. Imagem: Realme/Reprodução

Mas o objetivo, segundo Dong, “é desafiar a Motorola, como fizemos em muitos mercados. Estamos muito além da Motorola e da LG; em alguns mercados já ultrapassamos a Samsung“. No terceiro trimestre de 2020, a Samsung enviou 79 milhões de smartphones no mundo todo, segundo a Counterpoint.

Quais produtos Realme chegarão ao Brasil?

Dong disse que a Realme vai fazer suspense até o Natal sobre quais produtos e linhas chegarão ao Brasil. Ela promete, no entanto, impressionar o público brasileiro. “A realme personalizou os produtos para atender às demandas do público brasileiro”, comentou. A marca pretende popularizar o 5G, e os primeiros produtos compatíveis chegarão em 2021.

Além de smartphones, a Realme também pretende lançar “mais de 20 produtos AIoT em 2021” no Brasil. Entre os produtos, são esperados modelos de “smart TV, fone de ouvido inteligente, relógio inteligente e alto-falante inteligente”. O fone Realme Buds Q, por exemplo, vem sendo divulgado pela empresa em suas redes sociais e deverá ser lançado por aqui.

De início, a Realme irá concentrar sua estratégia em canais digitais. “Entrando no Brasil agora, a Realme visa principalmente trazer as tendências do 5G”. Em um período estimado de dois a três anos, a marca espera atualizar todos os seus produtos 4G para as redes móveis de quinta geração.

Wellington Arruda é editor(a) no Olhar Digital