Um estudo realizado pelo Cedars-Sinai Medical Center em Los Angeles, nos Estados Unidos, sugere que experiências de realidade virtual podem ser tão eficientes quanto remédios no tratamento de dores. Segundo o estudo, o equipamento pode ser usado com bons resultados durante coletas de sangue, administração de anestesias e para gerenciamento de dores pós-operatórias.
De acordo com Brennan Spiegel, o diretor de pesquisas relacionadas à saúde do centro médico, 20 minutos com um software de realidade virtual foi capaz de reduzir o nível de dor dos pacientes em uma média de 24%. O uso do equipamento fez com que o nível médio de dor dos usuários caísse de 5,5 para 4 (numa escala de 0 a 10).
“Trata-se de uma redição bem dramática para uma dor aguda”, disse Siegel em entrevista ao MIT Technology Review. “Não é muito diferente do resultado que vemos quando administramos narcóticos”. O hospital ainda deve conduzir outras experiências com grupos de controle para comprovar a eficácia do tratamento.
Tecnologia de alívio
O Cedars-Sinai Medical Center é um dos investidores da AppliedVR, uma empresa especializada na criação de jogos e experiências de realidade virtual para uso nesse contexto específico. A empresa atualmente já desenvolveu três aplicações voltadas para redução de dor, além de uma voltada para a redução de ansiedade.
Pesquisas disponibilizadas no site da empresa mostram também que a realidade virtual também pode ser usada em casos pediátricos (no tratamento de crianças) e para aliviar sintomas de depressão. Outras empresas, como a DeepstreamVR e a Psious, também estão investindo nesse setor. O vídeo abaixo, da AppliedVR, apresenta o produto da empresa:
A ideia de se usar realidade virtual para aliviar dor não é nova. Um dos primeiros estudiosos a investigar essa possibilidade foi o psicólogo Hunter Hoffman. Hoffman desenvolveu e lançou, por volta de 2008, o jogo SnowWorld, que podia ser usado para ajudar no tratamento de vítimas de queimaduras.
Alívio mais barato
Cuidar das feridas dos pacientes de queimaduras é um processo que pode provocar muita dor neles. Mas os pacientes que jogavam SnowWorld durante o tratamento experimentavam uma redução expressiva no nível de dor reportado. No entanto, segundo Hoffman, o custo total do equipamento e da implementação da tecnologia em uma unidade de tratamento intensivo era de cerca de US$ 35 mil.
No entanto, com a popularização de equipamentos de realidade virtual, o custo de se utilizar essa técnica para alívio de dor vem caindo bastante. Mesmo que o Oculus Rift e o HTC Vive ainda tenham preços relativamente proibitivos para o mercado brasileiro, eles são consideravelmente mais baratos do que o custo de implementação de SnowWorld. E, para um hospital, eles podem ser um investimento valioso.
Embora a AppliedVR não revele o preço pelo qual vende o seu kit, ele também é bem mais acessível que as tecnologias de realidade virtual mais antigas. O kit inclui um Samsung GearVR com smartphone compatível, 250 lenços de sanitização do dispositivo e acesso à biblioteca de tratamentos da AppliedVR, além de treinamento e suporte técnico, mas segundo o MIT Tech Review, seu valor ainda é consideravelmente superior ao custo de um GearVR com smartphone compatível.