O conselho da Tesla tem uma nova presidente: a australiana Robyn Denholm foi apontada como sucessora de Elon Musk no comando da montadora. Em meio a questões trabalhistas, dificuldade em entregar o que é prometido e com o CEO Musk conhecido por seu comportamento imprevisível, a executiva tem um desafio imenso pela frente.
A australiana Robyn Denholm, de 55 anos, cresceu na cidade de Milperra, próxima a Sydney. Formada em economia pela Universidade de Sydney, seu primeiro emprego foi na consultoria Arthur Andersen, onde ela iniciou sua carreira na área de contabilidade e finanças.
Após a passagem pela consultoria, Denholm teve a experiência que deve ser mais relevante dentro da Tesla: ela trabalhou durante anos na Toyota da Austrália, conhecendo assim as peculiaridades da indústria automotiva. Na Toyota, sua confiança e liderança a levaram a ocupar o cargo de gerente de finanças nacional, sendo uma das poucas mulheres a ocupar um cargo sênior na empresa na época.
Denholm chegou aos Estados Unidos em 2001, quando foi contratada pela Sun Microsystems. Ela ainda trabalhou durante nove anos na Juniper Networks. Desde 2014, faz parte do conselho da Telsa e, desde 2016, é chefe de finanças da operadora australiana Telstra – cargo que será abandonado para ela se concentrar nas atividades na Tesla.
Lidando com Musk
O maior desafio da nova presidente da Tesla vai ser domar Elon Musk, o CEO-estrela da montadora. A ascensão dela ao comando da empresa inclusive está relacionada a algumas das dificuldades que Musk representa à companhia com seu comportamento imprevisível e ideias mirabolantes jogadas no Twitter.
Em agosto, Musk postou no Twitter que estava pensando e, retirar a Tesla da bolsa de valores. “Estou considerando tornar a Tesla privada a US$ 420. Financiamento garantiu,” ele escreveu na época. O tweet não caiu bem e resultou em um processo movido pela Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês). Para dar um fim ao processo, o executivo precisou ser removido do posto de presidente da montadora.
Uma das tarefas de Denholm vai ser cuidar para que Musk não faça mais dessas coisas. Ao Financial Times, alguns antigos companheiros de trabalho da executiva acreditam que ela é bem capaz de fazer isso. “Ela tem um histórico positivo para lidar com indivíduos com ego inflado”, explicou o analista Pierre Ferragu, que acompanhou o trabalho de Denholm na época da Juniper Networks.
“Robyn é o exato oposto [de Musk]: ela pode se manter calma e bastante estável. Ela é menos visível pessoalmente, mas é ótima em dirigir coisas sem precisar estar na liderança”, explicou.
Apesar disso, a tendência é que a relação entre os dois seja boa. Assim como o conselho de diretores da Tesla, Denholm apoiou Musk durante o processo movido pela SEC. Além diss, em entrevistas passadas, ela elogiou a capacidade do bilionário, dizendo que ele é “fenomenal”.
No canal de comunicação preferido de Musk para falar com seus fãs – o Twitter -, o bilionário elogiou a escolha de Denholm para o comando da Tesla. “Gostaria de agradecer Robyn por se juntar à equipe. Grande respeito. Bastante ansioso para trabalharmos juntos”, escreveu.