A Qualcomm anunciou hoje uma nova linha de processadores com até 48 núcleos ARMv8 voltados para uso em servidores e data centers. O objetivo da empresa com o anúncio parece ser desafiar o domínio da Intel nesse mercado: os processadores Xeon, da Intel, são de longe os mais usados em situações desse tipo.

Ter 48 núcleos, contudo, não é a principal inovação tecnológica desses processadores. Eles também utilizam um processo de fabricação de 10 nanômetros, que é algo que a Intel vem demonstrando dificuldade em implementar. Nesse processo, cada circuito do processador é separado dos vizinhos por apenas 10 bilionésimos de metro, o que permite que mais transistores (e mais poder de processamento) caibam no mesmo espaço.

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Fora isso, os processadores também utilizam a tecnologia FinFET. Trata-se de uma maneira de encaixar os transistores de forma “tridimensional” no processador, uma tecnologia que também é usada pela Nvidia nas suas placas de vídeo com arquitetura Pascal. Essas tecnologias, segundo a Qualcomm, devem dar a seu processador mais eficiência energética, o que é interessante para data centers. 

Isso porque eletricidade é o principal custo operacional de data centers. Não se trata apenas da energia para manter os processadores rodando: os data centers também gastam muito com refrigeração, para manter as máquinas em uma temperatura segura. Quanto mais eficientes os processadores forem, menos energia eles consomem e menos calor eles emitem, o que representa um benefício duplo. 

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Corrida dos processadores

Esse anúncio da Qualcomm é um marco interessante no desenvolvimento dos processadores tanto por ele ser um desafio direto à Intel quanto pela arquitetura curiosa do componente. A Intel tradicionalmente dominou a indústria de processadores no mundo todo, mas vem perdendo espaço para outras empresas, como a MediaTek e especialmente a Qualcomm, desde o crescimento dos dispositivos móveis.

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Dispositivos móveis, por sua vez, foram uma guinada no desenvolvimento de processadores. Se antes era o uso em computadores que guiava os rumos desse setor, mais recentemente a proliferação de celulares e tablets vem colocando outras prioridades na indústria. Agora, esses componentes também precisam ser feitos para funcionar com maior eficiência energética (para não prejudicar a duração das baterias dos aparelhos) e otimizados para uma maior variedade de tarefas.

O fato de que o processador tem 48 núcleos também indica que ele é pensado para uso em data centers. Normalmente, processadores de servidores precisam responder a múltiplas solicitações de baixo custo computacional ao mesmo tempo. Em outras palavras, eles precisam ser capazes de realizar várias pequenas tarefas rapidamente. Por isso, um processador com poucos núcleos, mas muito rápido, seria menos eficiente nesses casos.