Oposição questiona alinhamento do governo com EUA para leilão do 5G

Para deputado José Guimarães (PT/CE), Brasil não deve ignorar tecnologia chinesa se esta for melhor para o país; ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, terá que se explicar
Vinicius Szafran12/11/2020 21h39, atualizada em 12/11/2020 21h58

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Nesta quinta-feira (11), o deputado José Guimarães (PT/CE), líder da oposição na Câmara dos Deputados, apresentou à Mesa Diretora da Casa um requerimento para que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, explique o apoio manifestado à iniciativa “Clean Network” (Rede Limpa, em português), do governo dos Estados Unidos, que busca impedir a participação da Huawei em redes 5G.

O objetivo da “Clean Network” é impedir que a gigante chinesa Huawei forneça os equipamentos para as redes 5G em diversos países. Em tese, a iniciativa visa garantir a segurança das redes e a privacidade dos cidadãos, mas já é de conhecimento geral que existe uma grande disputa geopolítica entre EUA e China.

Para o deputado, é evidente que a Huawei detém a tecnologia 5G e que, por mais que os norte-americanos tenham investido muito na evolução do 3G e 4G, aparentemente não dominam a nova tecnologia de rede tão bem quanto seus concorrentes.

Reprodução

Fornecimento de equipamentos para redes 5G é motivo de disputa. Imagem: Fit Ztudio/Shutterstock

Segundo Guimarães, que lidera os partidos de oposição ao governo, em minoria na Câmara, o projeto aparenta ter a segurança da informação como finalidade, mas, na verdade, pode esconder o interesse dos EUA em impedir que países como o Brasil adquiram e usem a tecnologia chinesa, em detrimento dos produtos norte-americanos.

A assessoria da Liderança da Minoria informou que o ministro Ernesto Araújo tem um prazo de até 30 dias para responder às perguntas. Caso contrário, Araújo pode ser enquadrado em crime de responsabilidade, de acordo com os artigos 115 e 116 do regimento interno da Câmara dos Deputados. O requerimento ainda deve ser encaminhado ao Itamaraty pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ).

Brasil acima de tudo

Guimarães destaca ainda que o 5G abriu infinitas possibilidades nas mais diversas áreas, quebrando paradigmas das gerações anteriores. Entretanto, o deputado afirma que os interesses nacionais devem ser levados em consideração. “Antes de um alinhamento automático ao interesse norte-americano, os interesses nacionais devem ser considerados e, em última instância, devem sempre prevalecer”, disse.

No requerimento, o deputado faz diversos questionamentos ao Itamaraty, perguntando em que consiste a política “Clean Network”, se a adesão do Brasil a essa política acarretará na exclusão da Huawei do leilão do 5G programado para 2021 e quais alternativas restarão ao país caso as empresas chinesas sejam excluídas dos negócios, por exemplo.

Por fim, Guimarães relembra que quem participa de fato do leilão são as operadoras, apesar de algumas questões serem voltadas a uma participação direta da Huawei. Se o governo decidir por impedir a participação dos chineses, será necessário editar uma norma específica para isso, relacionando o problema à tecnologia da Huawei.

Via: TeleSíntese

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital