O que Jeff Bezos espera da Amazon de 2030

Em uma reunião com acionistas da Amazon, o CEO Jeff Bezos falou um pouco dos planos para o futuro. Para ele, mais importante do que as diferenças é o que vai continuar igual
Daniel Junqueira28/05/2020 20h52, atualizada em 30/05/2020 14h05

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Como será a Amazon de 2030? O CEO Jeff Bezos tem uma boa ideia do futuro da empresa. Na quarta-feira (27), o executivo detalhou alguns dos seus planos para os próximos anos durante a apresentação dos resultados financeiros trimestrais.

Para Bezos, mais do que avanços tecnológicos que possam vir a transformar a sociedade, o mais importante é que a Amazon de amanhã seja que nem a de hoje: nas palavras do executivo, isso significa manter uma cultura de “obsessão no cliente”, com esforços direcionados a oferecer sempre o melhor serviço e o melhor preço para os consumidores.

Bezos realmente acredita que a cultura corporativa da Amazon foi fundamental para a transformação de uma pequena startup em um império multinacional – e não é a primeira vez que, ao comentar as expectativas para o futuro, ele destacou que não quer de maneira nenhuma que isso mude.

Em 2019, ao responder a uma questão parecida feita em um evento de robóticas, Bezos ressaltou que a busca por preços baixos e serviços de qualidade não vão deixar de fazer parte da Amazon. “É impossível imaginar alguém falando para mim, ‘Jeff, eu amo a Amazon. Eu só queria que as entregas fossem um pouco mais lentas. Ou, eu amo a Amazon, só queria que seus preços fossem um pouco maiores,” disse na ocasião.

Confira abaixo a resposta completa de Bezos aos acionistas da Amazon, publicada pelo Business Insider:

“Bem, certamente em 10 anos muitas coisas vão evoluir, e a tecnologia vai mudar. A tecnologia de aprendizado de máquina, em particular, vai evoluir significativamente nos próximos 10 anos.

Mas eu sempre encorajo as pessoas, quando elas pensam em dez anos, a responder uma questão: o que não vai mudar?

Essa é a questão mais importante. Você pode construir estratégias ao redor de coisas que vão se manter estáveis com o tempo. Nessa visão de 10 anos, tem muita coisa da Amazon que não vai mudar.

Uma delas, e talvez a mais importante de todas, é que vamos continuar obcecados em nossos consumidores em vez dos concorrentes. Vamos trabalhar para manter essa cultura.

Somos pacientes, então estamos dispostos a esperar para fazer as coisas.

Somos inventivos. É muito importante manter isso em um horizonte de 10 anos. Quando você se encontra preso em uma situação difícil, a melhor solução é inventar sua saída. E essa equipe é bastante criativa.

Estamos dispostos a falhar. E essa disposição às falhas vão vai mudar em 10 anos. O tamanho do nosso fracasso deve continuar a aumentar conforme fazemos novas coisas ousadas.

Mas o principal de tudo, o que nos mantém depois de tanto tempo, é a obsessão com o consumidor. E isso é algo que protege nossa empresa – e vai continuar em pelos próximos 10 anos.

Se você tem obsessão no seu concorrente e se encontra na liderança em uma arena, é muito fácil perder a motivação. Se você já está na frente, por que deveria correr? Se você tem obsessão no consumidor, se essa é a sua motivação, então é algo bastante sustentável.

Mesmo que você esteja na liderança, seus consumidores nunca estão completamente satisfeitos. Eles sempre querem algo melhor.

E isso gera bastante motivação durante a jornada. Então é isso, vamos continuar a trabalhar para conseguir as melhores pessoas. Pessoas que gostam dessa abordagem. Pessoas que são motivadas pela obsessão ao consumidor. Pessoas que gostam de inventar. Eles têm mente de principiante, mesmo sendo especialistas.

Essas são as coisas que vão continuar iguais nos próximos 10 anos.

Se conseguirmos manter essa cultura, essa obsessão, então a visão de 10 anos vai se criar por conta própria.

E eu estou bastante empolgado com isso”. 

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital