Uber não faz taxistas ganharem menos, dizem estudos

Redação01/11/2017 11h26, atualizada em 01/11/2017 12h14

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A entrada da Uber em mercados de mobilidade não afeta consideravelmente a renda dos taxistas desses mesmos mercados. É isso que apontam estudos acadêmicos da Universidade de Oxford (pdf) e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) (pdf), bem como dados obtidos pela Folha de São Paulo junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

De acordo com o estudo da Furg, o principal efeito da entrada da Uber no Brasil foi o fato de que mais pessoas passaram a usar serviços de transporte. Com base em dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), dois economistas da universidade compararam o rendimento dos taxistas nos meses anteriores e posteriores à chegada do app em sete capitais brasileiras.

Estudos no Brasil

Foram analisados dos períodos: entre 2014 e 2015, quando a Uber passou a operar em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e entre 2015 e 2016, quando o serviço chegou a Fortaleza, Goiânia, Recife e Salvador. Os pesquisadores compararam o rendimento dos taxistas destas capitais nesses períodos ao de taxistas em cidades sem o serviço.

Eles também compararam o rendimento dos taxistas nessas capitais ao rendimento de serviços de vans e mototáxis no mesmo período. Isso foi feito para avaliar se algum grande evento afetou o rendimento dos motoristas de táxi nessas capitais. Se isso tivesse acontecido, esse grande evento teria afetado também a renda das outras categorias.

No final, os pesquisadores concluíram que a renda média por hora dos motoristas de táxi das capitais não foi afetada pelo início do funcionamento do aplicativo. Esse resultado vai ao encontro de um levantamento feito pelo Cade em 2015 (pdf), que concluiu que a Uber, “ao contrário de absorver uma parcela relevante das corridas feitas por táxi, na verdade conquistou majoritariamente novos clientes, que não utilizavam serviços de táxi”.

Ou seja: a “Uber não ‘usurpou’ parte considerável dos clientes dos táxis nem comprometeu significativamente o negócio dos taxistas”, segundo o Cade. A Folha de São Paulo teve acesso também a outro estudo da entidade, ainda não publicado, segundo o qual a entrada da empresa reduziu o preço do transporte, aumentou sua disponibilidade e ampliou o número de usuários, sendo portanto positiva para a concorrência.

Outras informações

Um estudo publicado no começo deste ano pela Universidade de Oxford atingiu conclusões semelhantes. Nele, os pesquisadores avaliaram o impacto da chegada da Uber ao mercado de transportes das 50 maiores cidades dos EUA. Eles concluíram que a entrada do app fez com que o mercado consumidor desses serviços crescesse e boa parte desse crescimento fosse apropriada pelos apps.

Isso levou a um aumento de 50% no número de motoristas autônomos e de 10% no número de taxistas. A remuneração por hora dos autônomos cresceu de maneira considerável após a chegada dos apps, embora a dos taxistas tenha sentido uma queda sutil nas cidades estudadas. “Encontram poucas evidências de impactos negativos no mercado de transporte ponto-a-ponto [com a entrada do Uber]”, conclui o estudo.

Representantes dos sindicatos dos taxistas ouvidos pela Folha de São Paulo, no entanto, disseram que a entrada do app fez com que sua renda caísse. Segundo o diretor do sindicato dos taxistas de Belo Horizonte, a queda estimada na renda dos taxistas da cidade foi de 50%. Em Goiânia, o presidente do sindicato estimou uma queda de 70% nas chamadas e na renda.

Segundo os pesquisadores da Furg, há apenas um efeito negativo notável da entrada da Uber nas cidades: uma queda acentuada do preço das licenças de táxi no mercado secundário. Isso porque quem quer trabalhar como motorista não precisa mais adquirir uma licença para começar a trabalhar. De acordo com o Cade, o principal rival da Uber são as empresas brasileiras 99 e EasyTaxi.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital