Testamos: mesmo barato, Samsung Chromebook 3 é difícil de recomendar

Redação26/09/2016 18h52

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Tela HD, 2GB de RAM, 16GB de memória interna. Essas poderiam ser as configurações de um smartphone, mas não são. São algumas das características do Chromebook 3, da Samsung. O dispositivo, que roda a ChromeOS, é uma espécie de “evolução dos netbooks” e tem o objetivo de ser um computador simples e leve para a realização de tarefas cotidianas envolvendo a internet e os aplicativos do Google (Docs, Gmail, Youtube, etc).

E, de fato, o design dele é bem agradável. Ele é leve, pequeno, fácil de se configurar e usar e com uma tela surpreendentemente bonita. Além disso, sua bateria oferece uma duração bastante generosa; uma série de pontos positivos para o aparelho.

Que pena, porém, que o hardware dele seja defasado a ponto de comprometer todas essas vantagens citadas acima. Com um processador Celeron da Intel e apenas 2GB de RAM, o Chromebook 3 pena demais para realizar algumas tarefas que seus usuários certamente gostariam de que ele fizesse com mais agilidade. Esses problemas mostram que o Chromebook 3 tem problemas até mesmo para rodar o Chrome, e fazem com que ele seja difícil de se recomendar, mesmo com preço que nem chega a R$ 1000.

Design e tela

Em nenhum momento o Chromebook 3 aparenta ser um dispositivo top de linha; por outro lado, ele se vira muito bem com o que tem. Ele pesa pouco mais que um quilo e tem dimensões bem reduzidas, o que dão a ele uma portabilidade muito interessante. Nas laterias, ele possui portas USB, HDMI e, curiosamente, um slot para cartão microSD.

Reprodução

Numa sacada que é meio estranha, mas meio genial, o Chromebook 3 tem apenas 16GB de memória interna, mas permite sua expansão via cartão microSD. Trata-se de uma medida meio curiosa, mas também meio inteligente: assim, cada usuário investe o quando julgar necessário em cartões microSD para o seu dispositivo.

E também, como ele roda ChromeOS, a maioria dos apps mais “pesados” que costumam instalar em PCs (Office, pacote Adobe, etc) não são compatíveis com ele. A ideia é que o Chromebook utilize soluções de nuvem para realizar essas funções, e em alguns casos isso dá bem certo – usar o Docs, o Slides e o Sheets no lugar do Word, do Powerpoint e do Excel (respectivamente) é bem aceitável.

Se por fora o Chromebook 3 não tem nada demais, por dentro ele surpreende. Sua tela de 11,6 polegadas tem resolução pouco superior ao padrão HD (ela é de 1366 x 768 píxels), mas é muito bonita. Ela consegue exibir uma gama impressionante de cores, o que faz com que as imagens dela sejam mais belas do que se espera de uma tela média com essa resolução.

Seu teclado também ébem agradável de usar. As teclas F1, F2 e etc estão ausentes, o que causa um pouco de estranheza – especialmente da primeira vez que você tenta atualizar uma página no Chrome. Mas a ChromeOS tem atalhos para substituir todas essas funções, e é fácil usar o Google para buscar por eles: de fato, o teclado tem um botão de busca dedicado.

Com esses recursos e esse design, o Chromebook 3 causa uma boa impressão. Também pelo fato de ele usar um sistema operacional diferente, ele é um dispositivo que você tem vontade de conhecer e testar numa série de situações diferentes.

Reprodução

Performance e usabilidade

O problema é que, conforme você vai usando ele, você vai descobrindo por que ele é barato. Um Chromebook é basicamente um notebook otimizado para o Chrome, então causa espanto que mesmo o navegador do Google enfrente problemas de fluidez ao ser usado nele.

Isso provavelmente se deve à modéstia do processador e da RAM do Chromebook 3. Abra mais do que uma meia dúzia de abas no navegador e ele começa a descarregar algumas delas. Em algum tempo, mesmo a tarefa de trocar entre as abas começa a demorar. Se uma dessas abas for um vídeo do Youtube ou um serviço de streaming de música, pior ainda.

Com isso, tarefas cotidianas acabam ficando muito frustrantes de se fazer. Se você, por exemplo, abre o Spotify para ouvir música, entra no Facebook e começa a abrir em outras abas alguns links para ler depois, em pouco tempo o Chromebook 3 torna-se quase inutilizável.

Se você for assistir a um vídeo de resolução 720p a 60 quadros por segundo, poderá perceber que o Chromebook 3 “come” alguns quadros. De vez em quando, ele chega até a interromper a reprodução não por problemas de conexão, mas por insuficiência do hardware mesmo.

Além desses problemas, qualquer ação que exija que o dispositivo acesse sua memória interna leva um tempo simplesmente inadequado. Sabe quando você clica em um link para subir uma foto ou vídeo? O período entre esse clique e o sistema abrir o menu para você selecionar um arquivo chega a levar mais de 5 segundos. Nesse caso, pode até ser um problema das ChromeOS, mas diante dos outros engasgos do hardware, não é essa a impressão que fica.

Veja, as tarefas citadas acima não são incomuns; compõem, aliás, o básico do padrão de navegação de um usuário médio de internet. É muito grave que um dispositivo lançado em 2016 tenha desempenho decepcionante em atividades desse tipo, já que elas representam, basicamente, aquilo para que ele foi feito.

Bateria

Um ponto que também impressiona, por outro lado, é a duração e o gerenciamento da bateria do Chromebook 3. Um adesivo no aparelho promete que ela dura 8 horas, e esse foi um dos raríssimos casos em que a bateria dura mais do que o prometido. Ao todo, é possível render até umas 10 horas a bateria do Chromebook 3. É bem verdade que ela não tem nada que exija tanto assim dela, mas é legal que ela dure tanto assim de qualquer maneira.

Além disso, o sistema de gerenciamento de bateria também é bem legal: quando você fecha o dispositivo, ele praticamente para de consumir bateria. Em seguida, quando você abre de novo, ele já tem algumas informações prontas instantaneamente. Carregar outras abas do Chrome após o fechamento, no entanto, leva algum tempo.

Conclusão

Um notebook por menos de R$ 1000 é uma proposta bem atraente, mas mesmo assim é difícil recomendar o Chromebook 3. Apesar de diversos pontos positivos muito promissores, a conclusão é que ele simplesmente não está suficientemente equipado para o padrão de uso de internet que um usuário médio faz atualmente.

Ainda que ele seja o computador pessoal mais barato do mercado, ele é um aparelho que já sai da caixa com hardware insuficiente. Diante de uma internet cada vez mais baseada em vídeos – para não falar em formatos ainda mais pesados, como vídeos 360 graus e experiências de realidade virtual – o Chromebook 3 já está ultrapassado.

Seria possível objetar, falando que a culpa é do navegador Chrome que consome RAM demais. Mas tratando-se de um aparelho feito especificamente para rodar o Chrome, esse argumento não cola. Não é como se o usuário pudesse baixar e instalar outro navegador com facilidade.

Diante dessa situação, é difícil pensar em um tipo de usuário para quem o Chromebook 3 seja adequado. A ideia mais imediata é uma pessoa que precise urgentemente de um computador, a ponto de não ligar de comprar algo que mal dá conta do básico.

Trata-se de uma conclusão meio triste, porque o Chromebook 3 tem uma série de pontos positivos que mesmo dispositivos muito mais potentes e caros acabam errando. Sua tela realmente impressiona, e a duração da bateria também. Mas se em termos de funcionalidade ele sofre até mesmo para executar o básico, fica difícil levá-lo a sério. Com um processador melhorzinho e um pouco mais de RAM, o Chromebook 3 poderia ser um dispositivo bem interessante; com as suas configurações atuais, por outro lado, ele é bem decepcionante.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital