A Samsung revelou hoje os seus resultados financeiros para o terceiro trimestre de 2016 (o período entre 1 de julho e 30 de setembro do ano), e os impactos do recall total do Galaxy Note 7 já começam a aparecer.

Em seu setor de dispositivos móveis, a empresa lucrou 100 bilhões de won (R$ 27,05 milhões) no período. No trimestre anterior, esse lucro havia sido de 4,32 trilhões de won (R$ 11,88 bilhões). Isso representa uma queda de R$ 11,61 bilhões, ou 97,68%, em três meses.

Não foi só a divisão de smartphones da empresa que foi afetada por essa crise. Os lucros da empresa no período foram 5,20 trilhões de wons coreanos (cerca de R$ 14,29 bilhões), uma queda de 2,19 trilhões de wons (R$ 6,01 bilhões) com relação ao mesmo período de 2015 – uma queda de 29,63%.

Fora os lucros, a receita total da empresa também caiu no comparativo ano a ano. No terceiro trimestre de 2015, a empresa teve uma receita de 51,69 trilhões de wons (cerca de R$ 141,19 bilhões); no mesmo período desse ano, a receita foi de 47,82 trilhões de wons (R$ 131,23 bilhões), uma queda de cerca de R$ 9,96 bilhões, ou 7,48%. A tabela abaixo mostra esses dados:

Reprodução

“Descontinuação”

O conglomerado coreano reconhece que a “descontinuação” do Galaxy Note 7 foi largamente responsável por essa que nos lucros. Segundo a Samsung, a situação causou uma queda “significativa” da receita de sua divisão Mobile com relação ao trimestre anterior.

Vendas robustas dos Galaxy S7 e S7 Edge, bem como dos aparelhos intermediários da empresa (as linhas A e J) impediram que o tombo fosse ainda maior. De fato, em termos de receita, os resultados de sua divisão de smartphones foram comparáveis (embora menores) aos dos trimestres anteriores.

Mesmo assim, a empresa coloca como meta para o trimestre seguinte “reconquistar a confiança dos consumidores”. Apesar desse desafio, a Samsung permanece otimista: ela espera poder fortalecer as vendas de seus outros smartphones a ponto de atingir, no quarto semestre de 2016, um desempenho semelhante ao do mesmo período de 2017

Também foi apontado pela empresa o fato de que o won coreano estava valorizado diante de outras moedas importantes na economia mundial, o que teria prejudicado seus lucros. Isso afora, a Samsung também citou um aumento no preço da memória DRAM, usada em diversos produtos seus, pela queda em seu desempenho no trimestre.

Outras áreas

Apesar da catástrofe em sua divisão Mobile, a empresa teve crescimento na sua divisão de semicondutores (referente à produção de chips, componentes e processadores), displays (responsável pela produção e comercialização de telas) e Consumer Electronics (que contempla aparelhos como TVs e eletrodomésticos).

Nessa última área, a empresa ressalta que vendas fortes de produtos Premium (como SmartTVs gigantes com resolução 4K e telas curvas) foram importantes para os resultados. A Samsung espera um desempenho ainda melhor nessa área no final do ano.

Acidente de percurso

Conforme o The Verge ressalta, a divisão de celulares da Samsung esperava um crescimento dos lucros no período antes do problema com o Galaxy Note 7. Essas expectativas, no entanto, foram cortadas drasticamente quando ficou claro para a empresa que mesmo as unidades de substituição do Note 7 ainda apresentavam riscos.

Por esse motivo, a queda nos lucros da empresa anunciada hoje marca a primeira queda desse tipo postada pela empresa em mais de um ano. O trimestre do Galaxy Note 7, portanto, representa uma espécie de anomalia no histórico da empresa. É necessário, contudo, aguardar para ver se esse incidente afetará a imagem – e os lucros futuros – da Samsung.