Googler que defendeu desigualdade entre homens e mulheres teria sido demitido

Redação08/08/2017 09h55

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O Google teria mandado embora o funcionário apontado como autor de um texto de 10 páginas em que a escassez de mulheres no mercado de tecnologia é justificada com argumentos pseudobiológicos que vêm sendo desmentidos há anos.

A informação foi confirmada pelo próprio funcionário à Bloomberg, que o identifica como sendo James Damore. Por e-mail, o agora ex-engenheiro do Google disse à agência que foi demitido por “perpetuar estereótipos de gênero” e adianta que está “explorando todos os remédios legais possíveis” para a situação.

Damore causou um furor dentro da gigante de tecnologia com seu texto, em que alega que “diferenças na distribuição de características entre homens e mulheres pode, em parte, explicar por que não temos 50% de representação de mulheres em tecnologia e liderança”. O engenheiro defende que, biologicamente, mulheres são mais inclinadas a “carreiras em áreas sociais e artísticas”, enquanto homens gostam de programação porque são mais “sistêmicos” e pragmáticos.

O texto viralizou internamente e foi tornado público no último fim de semana, então o CEO da companhia, Sundar Pichai, decidiu interromper suas férias para resolver a situação. Em comunicado direcionado aos empregados, o executivo informou que Damore (então não identificado) escreveu algo contrário aos “valores básicos” e ao código de conduta do Google, o que poderia explicar a demissão.

“Partes do memorando (…) passam da linha ao avançar estereótipos de gênero no nosso ambiente de trabalho”, escreveu Pichai. “Nosso trabalho é construir bons produtos para nossos usuários que façam a diferença em suas vidas. Sugerir que um grupo dos nossos colegas tem traços que os tornam biologicamente menos adequados para aquele trabalho é ofensivo e não é OK.”

Quase certo

Damore, entretanto, aparentemente tinha razão em relação a certos apontamentos feitos no seu manifesto, tanto que são coisas com as quais o próprio Sundar Pichai mostrou concordância. No texto, o engenheiro reclama que o Google tem uma cultura tão fortemente inclinada à esquerda que uma pessoa com pensamentos mais alinhados ao conservadorismo pode se sentir acuada dentro da companhia.

“As pessoas devem se sentir livres para expressar discordância”, afirmou Pichai em sua carta. “Muitos pontos levantados pelo memorando — como as partes criticando os treinamentos do Google, questionando o papel da ideologia no ambiente de trabalho e debatendo se programas para mulheres e grupos sub-representados são suficientemente abertos a todos — são tópicos importantes.”

“O autor tinha o direito de expressar sua visão sobre aqueles tópicos”, continuou o CEO, antes de acrescentar algo que tem sido interpretado como hipocrisia por grupos conservadores norte-americanos — que alçaram Damore ao patamar de herói poucas horas após o vazamento de seu texto. Acontece que Pichai garantiu que o Google encoraja um ambiente em que as pessoas possam expressar discordância e que permanece na política da empresa “não tomar ações contra ninguém por incitar essas discussões”.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital