Fusão de US$ 85 bilhões da Time Warner com a AT&T preocupa legisladores dos EUA

Redação24/10/2016 12h21

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Megaprojetos

A proposta de fusão entre a Time Warner (empresa de mídia dona da Warner Bros. Studios, da HBO e de canais como o Cartoon Network) e a operadora de telecomunicações AT&T gerou proucopações em todo o espectro político dos Estados Unidos. Segundo a Reuters, o acordo anunciado duas semanas antes das eleições presidenciais no país pode se tornar um novo fator na corrida eleitoral

Essa fusão uniria uma empresa de telefonia a uma empresa de mídia. Por esse motivo, a AT&T descreve-o como uma “fusão vertical” porque não há intersecção entre os mercados das empresas. Segundo um executivo da AT&T, “o governo dos EUA sempre aprovou fusões verticais como a nossa, porque elas beneficiam os consumidores, fortalecem a competição e, no nosso caso, incentivam inovação e investimentos”.

O objetivo dessa fusão é aumentar a quantidade de filmes, séries que a AT&T pode disponibilizar para streaming em suas redes. É justamente isso, no entanto, que preocupa o mercado. A operadora AT&T poderia acabar privilegiando os materiais da Time Warner, colocando em desvantagens os filmes e séries de outras empresas, como a NBCUniversal, a 21th Century Fox e a Walt Disney Company.

Streaming e cabo com problemas no Brasil

Essa fusão seria uma espécie de resistência da TV a cabo contra a popularização de serviços de streaming para a exibição de séries e filmes. De acordo com o site Notícias da TV, 1,4 milhão de norte-americanos cancelaram suas assinaturas de TV a cabo no ano passado (possivelmente em troca de um serviço de streaming como Netflix ou HBO).

A AT&T também controla a operadora de TV a cabo DirecTV, que opera no Brasil por meio da Sky (e tem 5,3 milhões de assinantes aqui). A fusão permitiria que a operadora oferecesse as séries da Time Warner (como Game of Thrones e Westworld) e os filmes da Warner Bros. Studios (como as séries Harry Potter e Batman) em condições mais vantajosas.

No entanto, ainda há grandes obstáculos para que essas condições vantajosas cheguem ao Brasil. Isso porque, por aqui, uma operação conjunta desse tipo (operadora de telecomunicações mais empresa de mídia) é ilegal por causa da lei 12.485/2011. Essa lei impede a propriedade cruzada de empresas de distribuição (canais de TV, operadoras de telecomunicações) e de programação e radiodifusão (canais pagos e TV aberta, respectivamente).

Dessa forma, para chegar aqui, a empresa resultante da fusão não poderia ser dona, ao mesmo tempo, da Sky e dos seus canais de programação. O mais provável é que, nesse caso, ela venda a Sky para alguma outra operadora de TV a cabo que atue na região.

Eleições

O candidato republicano Donald Trump disse que se oporia a tal fusão. Em sua opinião, um acordo desse tipo colocaria poder demais nas mãos de poucas pessoas. Ele também acredita que a mídia dos EUA se uniu numa campanha contra sua candidatura, e por isso vê com maus olhos a redução da diversidade nesse ramo.

Por sua vez, a campanha da democrata Hillary Clinton ainda não se manifestou definitivamente sobre o assunto. Tim Kaine, o candidato a vice-presidente na chapa de Clinton, disse que seria necessário revisar a proposta de fusão e “chegar até o fundo” das questões levantadas. No programa Meet the Press da NBC, contudo, ele afirmou que “menos concentração, eu acho, é geralmente positivo, especialmente na imprensa”.

Trata-se de uma questão delicada para a campanha de Clinton. Isso porque Bernie Sanders, o pré-candidato democrata que concorreu com ela no começo desse ano, disse que o governo deveria se opor à fusão porque ela traria menos opções e preços mais altos para os consumidores. E a campanha de Clinton precisa cortejar os apoiadores de Sanders para aumentar suas chences de vencer Trump.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital