Estudo: discriminação custa US$ 16 bi por ano ao mercado de tecnologia dos EUA

Redação28/04/2017 19h39, atualizada em 28/04/2017 20h34

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Além de ser um grave problema social, a falta de diversidade nas empresas de tecnologia também representa um desastre financeiro para esse setor. De acordo com um estudo publicado ontem pelo Kapor Center for Social Impact (pdf), racismo, machismo, e assédio moral têm um impacto econômico de pelo menos US$ 16 bilhões por ano na indústria de tecnologia dos Estados Unidos.

O levantamento ouviu 2.006 adultos com idades de 18 a 65 anos que haviam saído voluntariamente de um emprego no setor de tecnologia nos últimos três anos. A ideia era descobrir por que essas pessoas haviam saído de um trabalho na indústria sem terem sido demitidos. A resposta mais dada pelos respondentes foi “injustiça”, citada por 37% dos respondentes.

Esse fator motivou mais pessoas a sair de seu emprego do que a oferta de empregos melhores (apenas 22% dos respondentes citaram esse fator). Além disso, ele foio mais citado por pessoas que trabalhavam no setor de tecnologia do que por empregados técnicos em outras áreas (42% contra 32%). O grupo que mais citou injustiça como fator para sair de um emprego foram homens negros (40%).

Discriminação generalizada

Mesmo entre as pessoas que não deixaram seus empregos por esse motivo, a percepção de discriminação e injustiça no setor ainda é alta. 85% dos respondentes disse ter observado alguma forma de comportamento ou tratamento injusto na empresa de onde saíram. Mulheres sentiram e observaram mais casos de injustiça, e empregados da indústria de tecnologia também citaram essas experiências com mais frequência do que trabalhadores de outras indústrias.

Dentre os empregados LGBTs, 24% disseram ter passado por algum tipo de humilhação pública no trabalho, e 20% disseram ter sofrido bullying por conta disso. Quase 25% dos trabalhadores (homens e mulheres) negros e latinos disseram ter recebido algum tipo de tratamento estereotípico, e 33% das mulheres negras disseram ter sido preteridas em promoções. Uma em cada dez mulheres entrevistadas disse ter sofrido com “atenção sexual indesejada” no ambiente de trabalho.

Isso causa prejuízo

Segundo o estudo, há correlações marcantes entre o nível de injustiça sentida ou vista no emprego e a rotatividade do emprego. Em outras palavras, quanto mais injustiça as pessoas veem ou sentem, menos tempo elas ficam no emprego. Segundo o estudo, “estimativas conservadoras” quanto ao custo de substituir esses empregados determinam que esse problema custa US$ 16 bilhões por ano à indústria de tecnologia.

Fora isso, há também outros prejuízos menos mensuráveis causados por essa situação. 35% dos empregados que saíram de empresas de tecnologia disseram que suas experiências tornavam pouco provável que eles indicassem amigos ou conhecidos para uma vaga de emprego na empresa de onde saíram. Além disso, 25% disseram que suas experiências na empresa reduziam a probabilidade de que eles indicassem um produto ou serviço da empresa a amigos ou conhecidos.

O que fazer?

Não se trata, contudo, de um problema sem solução: 62% dos entrevistados disseram que teriam permanecido em seus trabalhos se a empresa tivesse se esforçado para criar um ambiente de trabalho mais positivo e respeitoso. Além disso, empresas com políticas firmes de inclusão e diversidade tinham um nível de rotatividade (e, portanto, um custo com a substituição de empregados) muito menor do que as empresas que não as tinham.

Nessa perspectiva, o estudo recomenda que as empresas implementem iniciativas desse tipo em todos os níveis de sua organização e conduzam pesquisas junto aos funcionários para avaliar seus níveis de satisfação com o ambiente de trabalho. Além disso, ele também sugere a realização de auditorias para avaliar injustiças de remuneração na empresa.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital