A Nokia confirmou recentemente que voltará ao mercado de smartphones em 2017. O anúncio foi feito pela empresa em um comunicado a seus acionistas em novembro e preparou o terreno para os primeiros dispositivos do tipo que a marca lançará desde o Lumia 830, um Windows Phone que saiu em 2014.
O retorno da empresa ao mercado de celulares será fruto de um longo e conturbado processo. A Nokia foi comprada em 2013 pela Microsoft por US$ 7,2 bilhões. A ideia da produtora do Windows era gerar sinergia entre seu sistema operacional e os smartphones da Nokia para poder enfrentar os donos do mercado: Android e iOS.
Isso, contudo, não se concretizou. A Microsoft amargou derrota após derrota no mercado de smartphones até que, finalmente, em outubro deste ano, admitiu que era hora de seguir em frente. Também em 2016, a Microsoft “desmembrou” a Nokia, desfazendo-se da marca e vendendo partes dela para as empresas asiáticas Foxconn e HMD Global.
Primeira aposta: Android
Serão essas as empresas responsáveis pelo retorno da marca ao mercado de smartphones, e isso – juntamente com o fato de que ela acabou de ser vendida pela Microsoft – sugere que eles terão o Android como seu sistema operacional. Afinal, voltar ao mercado para produzir dispositivos com um sistema operacional presente em menos de 5% dos aparelhos (o Windows 10) seria um tiro no pé.
Como a empresa está voltando agora a um mercado do qual está afastada há bastante tempo, faria sentido que ela lançasse um dispositivo que combinasse performance a um preço acessível. Assim, consumidores buscando um novo aparelho teriam uma opção de baixo custo para compensar o “risco” de se investir em uma marca mais nova no mercado.
Esse não seria um cenário novo para a Nokia. A empresa já era conhecida por oferecer um bom equilíbrio entre preço e performance com seus dispositivos anteriores. Se resolver apostar nessa fatia do mercado, ela pode acabar lançando um dos dispositivos intermediários mais interessantes de 2017.
Segunda aposta: top de linha
No entanto, o site Know Your Mobile sugere que a empresa tem expectativas mais ambiciosas para o seu retorno ao mercado. Segundo o site, a empresa pretende lançar, logo de cara, um dispositivo top de linha capaz de brigar de frente com gigantes como o Galaxy S8 (Samsung) e o próximo iPhone.
Mesmo sem ter revelado mais detalhes sobre o dispositivo, a empresa promete algo grande. Em entrevista ao Business Times da Índia, Arto Nummela, o CEO da empresa que gerenciará a marca Nokia para esses próximos lançamentos, afirmou que o dispositivo terá “estabilidade, qualidade, confiabilidade e inovação”. “Ele terá um design com qualidade premium que as pessoas reconhecerão instantaneamente como algo da Nokia”, disse.
Trata-se de uma aposta um pouco mais arriscada: a Nokia não tem experiência no desenvolvimento de smartphones Android – pelo menos não no mesmo nível que a Samsung, por exemplo. Nesse caso, ela parece estar esperando que a força de seu design e o nome da marca influenciem positivamente os consumidores a apostar nela.
Por outro lado, esse risco faz sentido. Isso porque, do ponto de vista comercial, os smartphones top de linha são os que valem a pena. Samsung e Apple são as únicas empresas que conseguem ter lucros produzindo dispositivos desse tipo, com todas as outras (LG, Huawei, Sony, HTC, Asus, Lenovo etc.) perdendo dinheiro. Assim, faz sentido que a Nokia queira atuar onde o dinheiro está.
Terceira aposta: feature phones
Deixando tudo isso de lado, porém, resta uma coisa: muita gente ainda se lembra do popular “tijolão” da Nokia, que era praticamente indestrutível e vinha com o “jogo da cobrinha”. Esse celular, que foi o primeiro de muitas pessoas, continua sendo um dos produtos mais memoráveis da empresa, mesmo após anos de Windows Phones.
Dessa maneira, uma opção interessante para a Nokia seria voltar a investir em “feature phones”: celulares à moda antiga, com teclado numérico e sem acesso a lojas de aplicativos como a Play Store. De fato, é o que a empresa começou a fazer com o Nokia 150, um dispositivo desse tipo que já está até mesmo disponível no site da empresa.