Microsoft e Hospital 9 de Julho usarão computação na nuvem para reduzir riscos

Redação24/10/2016 20h00, atualizada em 24/10/2016 20h10

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A Microsoft e o Hospital 9 de Julho assinaram na última quinta-feira (20) um acordo para desenvolver tecnologias para apoiar os cuidados dos pacientes nos hospitais. A parceria usará as soluções de coleta, armazenamento e análise de dados da Microsoft para melhorar a estadia dos pacientes internados em diversos aspectos.

Segundo Luiz Pires, o diretor do Centro de Tecnologias Avançadas (ATL, na sigla em inglês) da Microsoft no Rio de Janeiro, o projeto será focado na análise de imagens em tempo real. Em outras palavras, os pesquisadores treinarão computadores a interpretar as cenas captadas por câmeras para melhorar o funcionamento do hospital.

Primeira aplicação

De acordo com Alfonso Migliore Neto, porta-voz do Hospital 9 de Julho, a primeira aplicação da tecnologia será o auxílio na prevenção de quedas. Durante sua internação, alguns pacientes apresentam riscos de quedas decorrentes de sua condição. Esse risco de queda é identificado nos pacientes por meio de um dado em seu prontuário e o uso de uma pulseira, mas mesmo assim, quedas ainda acontecem.

A ideia do hospital é tentar encontrar, em parceria com a Microsoft, uma solução baseada em dados para ajudar na prevenção de incidentes desse tipo. Usando dados em tempo real enviados por câmeras, será possível detectar quando os pacientes estão se levantando e, então, soar um sinal para chamar um enfermeiro para auxiliá-los.

Essa, no entanto, é apenas uma primeira aplicação que o hospital imagina para a tecnologia. No futuro, também há interesse em usar imagens para classificar pacientes de pronto-socorro segundo a sua urgência. Isso permitiria que o hospital prestasse atendimento de maneira mais rápida a pacientes com problemas mais urgentes.

Mais aplicações

Para Pires, essa tecnologia permite ainda muitas aplicações diferentes na área da saúde. Ela já é utilizada em outros setores, como no varejo (para reconhecerr as emoções de compradores que examinam as vitrines de lojas) e segurança (para alertar para a presença de pessoas em locais ou horários restritos, ou para identificar quando um funcionário está sem capacete).

Em hospitais, contudo, ela também poderia ser usada para detectar mudanças nos padrões de respiração dos pacientes. Outra possibilidade seria usar as técnicas de reconhecimento de emoção já desenvolvida pela Microsoft para avaliar os níveis de dor ou desconforto dos pacientes em algumas situações, para permitir um atendimento mais adequado.

Poder de processamento 

Como se pode imaginar, é necessário muito poder de processamento para conseguir compreender, em tempo real, os sinais de vídeo de diversas câmeras. Segundo Pires, um dos principais focos de sua equipe é a criação de um sistema de processamento que permita que essa análise seja feita “com um custo computacional razoável”.

De acordo com ele, esse processamento está sendo feito por meio da nuvem Azure da Microsoft, e cada máquina virtual da Azure é capaz de processar os dados de 1 a 3 câmeras. O objetivo da equipe é conseguir oferecer esse serviço de monitoramento de imagens em tempo real para a prevenção de quedas a um custo inferior a um dólar por câmera por dia. No caso de um hospital com uma cama por leito, esse custo seria, portanto, menor que US$ 30 dólares mensais por cama.

Segurança das informações

O uso de imagens de câmeras de hospitais traz implicações graves para a segurança da informação. No entanto, Pires garante que as imagens captadas pelas câmeras não são armazenadas nos servidores da Microsoft. As imagens são diretamente enviadas para processamento, e não são armazenadas.

A única situação em que a câmera gravará os dados será na eventualidade de um alerta. Nesse caso, os enfermeiros poderão ter acesso às imagens captadas pela câmera. Isso afora, o hospital pedirá o consentimento de todos os pacientes que ficarem em leitos equipados com a tecnologia, e as câmeras também têm luzinhas que indicam quando elas estão gravando.

Tempo do projeto 

Segundo Alfonso Migliore Neto, o projeto terá uma duração inicial de um ano, ao longo do qual os cientistas de dados do ATL frequentarão o hospital para implementar o serviço. No entanto, Pires espera ter resultados iniciais antes do fim desse período, e espera também seguir acompanhando o hospital para melhorar a ferramenta com o tempo.

Essa tecnologia, contudo, não ficará restrita ao Hospital 9 de julho. De acordo com Pires, outros hospitais também poderão ter acesso a essa ferramenta. O diretor do ATL também ressalta que inovações de tecnologias desenvolvidas em parceria entre a Microsoft e hospitais brasileiros já atraíram o interesse de outros hospitais no mundo. “Nós queremos ser criadores de inovação, não só consumidores”, disse.

Futuro dos dados

No futuro, Pires vê uma área ainda maior de aplicação de dados de imagens em tempo real desse tipo. Isso porque, no futuro, as máquinas serão capazes de juntar e raciocionar sobre o vídeo de diferentes câmeras ao mesmo tempo.

Por exemplo, um sistema de monitoramento de um prédio poderá ser treinado para trancar as portas quando detectar alguém entrando pela janela durante a noite. Esse mesmo sistema então poderá acionar um alarme e mandar um aviso para o proprietário do espaço. Antes disso, no entanto, as máquinas ainda precisam ser muito bem treinadas.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital