San Francisco* – O Google realiza esta semana, em San Francisco (EUA), a quarta edição do seu programa de aceleracão de startups de países emergentes (Launchpad Accelerator). No total, 33 pequenas empresas de 16 países foram selecionadas para receber mentoria de especialistas do Google e de investidores do Vale do Silício durante duas semanas para desenvolver os seus negócios.
O Brasil tem a maior delegação da América Latina, com 4 empresas. São elas: Arquivei (ferramenta que organiza notas fiscais de uma empresa), Contabilizei (software que reúne contadores para emissão de notas fiscais), Guichê Virtual (site para a compra de passagens online) e Contratado.me (ferramenta que usa inteligência artificial para selecionar candidatos para vagas de emprego técnicas e estratégicas).
De acordo com Roy Glasberg, criador do programa de aceleração, o ambiente de desenvolvimento de startups na América Latina apresenta desafios semelhantes. No Brasil, fazer uma startup decolar não é fácil. Muito menos fazê-la sobreviver. Segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral, uma em cada quatro fecha no primeiro ano de atuação no país e outras 50% não chegam a quatro anos de vida.
Ao Olhar Digital, os especialistas do Google em desenvolvimento de startups deram dicas de como planejar e estabelecer uma operação de sucesso. Se você tem uma ideia na cabeça e pretende abrir o próprio negócio na forma de startup, confira as seguintes recomendações:
– O que você quer resolver?
Uma empresa geralmente nasce de uma necessidade. Para abrir uma startup, é importante identificar o problema que deve ser resolvido e atentar para que esta demanda seja primeiramente regional, ou seja, a sua ideia deve ser relevante para a cidade ou país onde você mora.
– Pense grande
Apesar da regionalização, todas as ideias por trás das startups escolhidas pelo Google para o projeto têm alcance global. Este, aliás, é um dos principais desafios para o avanço do empreeendedorismo no Brasil, segundo José Papo, gerente de aceleração no Google. Restringir a atuação a apenas um país, avaliam os especialstas, é aumentar a chance de “morrer na praia”. “Os investidores querem uma empresa que valha 1 bilhão de dólares”, resume Glasberg.
– Foco no comportamento
Muitos empreeendedores focam na revelância do serviço que querem oferecer, mas, segundo Glasberg, o mais importante é identificar que tipo de comportamento em um determinado setor a sua empresa pode mudar. Se a solução apresentada for atraente, a consequência é a adoção em massa.
– Seja lucrativo
Roy Glasberg alerta para o fato de que não adianta o empreendedor brasileiro tomar como referência o Vale do Silício para buscar investimento. Segundo ele, o trunfo das startups nacionais é desenvolver um modelo de negócios lucrativo, pois assim o caminho fica menos complicado.
– Seja rápido e bote a mão na massa
Paco Solsona, líder do programa de aceleração na América Latina, explica que durante a mentoria do Google as startups aprendem a resolver problemas rapidamente, em uma ou duas semanas. Além disso, segundo Glasberg, os empreeendedores são incentivados a adotar a mentalidade das grandes empresas do Vale do Silício: faça você mesmo e avalie se dá certo. Se der, aprimore a ideia busque investimento.
– Não espere a boa vontade do governo
Abrir startups e fazê-las crescer pode ser um problema em países burocráticos como o Brasil. Na visão do criador do programa do Google, o empreendedor é impaciente e ansioso por natureza e por causa disso não deve esperar condições perfeitas de negócios. Se o país onde você vive não está preparado para suportar o seu projeto, busque outro mercado. Este conselho corrobora a importância de pensar globalmente.
– Inteligência Artificial é o futuro
Os porta-vozes do Google são unânimes ao indicar a inteligência artificial e o aprendizado de máquinas como os combustíveis para a próxima revolução dos negócios e da tecnologia. Para eles, as áreas mais beneficiadas pelo avanço das máquinas são a financeira, a de agronegócios e a de saúde. Nas áreas financeiras e saúde, os executivos não poupam elogios para dois projetos brasileiros: Nubank, fintech que “humanizou” o segmento bancário, e Portal Telemedicina, central médica online que integra médicos e pacientes.
*O jornalista viajou a San Francisco a convite do Google