Investidores temiam que CEO do Facebook quisesse ser presidente dos EUA

Equipe de Criação Olhar Digital09/12/2016 11h37

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A possibilidade de que Mark Zuckerberg, o CEO e cofundador do Facebook, concorresse à presidência dos EUA provocou um susto imenso entre os investidores da rede social. Isso porque uma cláusula na estrutura de ações da empresa permitia que Zuckerberg mantivesse seu poder decisório no Facebook mesmo que ele abandonasse o posto em favor de um cargo público.

De acordo com a Bloomberg, essa cláusula foi incluída na estrutura de ações da empresa para garantir ao CEO a possibilidade de vender suas ações para investir em causas filantrópicas e, mesmo assim, continuar numa posição de poder na empresa que ajudou a fundar. Para esse fim, ela especificava que o poder de decisão sobre os rumos do facebook seriam repassados aos acionistas principais no caso da morte ou demissão de Zuckerberg, exceto se ele se demitisse para assumir um cargo público.

Portanto, a cláusula, ainda que fosse focada em filantropia, deixava aberta a porta para que Zuckerberg disputasse eleições presidenciais nos Estados Unidos, segundo a Forbes. Ainda lhe era garantida a possibilidade de concorrer a outros cargos políticos e continuar com poder sobre o Facebook mesmo que fosse eleito. Essa possibilidade assustou os investidores da empresa, especialmente porque a maneira como ela foi aprovada levantou suspeitas entre o conselho executivo.

Conspirações na rede social

Implementar essa cláusula na estrutura de ações do Facebook exigiu bastante discussão e convencimento. Como essa mudança prejudicaria a capacidade da rede social de receber benefícios tarifários e poderia desvalorizar as ações da empresa, Zuckerberg precisaria conseguir o aval dos acionistas para realizá-la. Embora ele e sua família tenham poder majoritário sobre os rumos da rede social, se ele aprovasse essa mudança de maneira unilateral os acionistas da empresa ficariam frustrados, o que poderia gerar grande prejuízo.

Dessa forma, o conselho executivo da empresa escolheu, em agosto de 2016, três dos executivos menos comprometidos com Zuckerberg para formar um comitê representando os interesses dos acionistas. A ideia era que, por meio desse comitê, os acionistas da rede social pudessem ter seus interesses representados no processo de decisão dessa mudança.

Mesmo assim, no entanto, o processo não foi bem feito, segundo o membro do conselho Erskine Bowles. Bowles processou a rede social, de acordo com a Bloomberg, alegando que Marc Andreesen, um dos executivos do comitê, estava “espionando” o resto do comitê a favor de Zuckerberg e direcionando o CEO da empresa para que ele agisse da melhor maneira para convencer os outros dois. Em outras palavras, Bowles alega que Zuckerberg e Andreesen teriam fraudado o processo.

Espionagem?

Segundo o processo, Andreesen enviou informações privilegiadas a Zuckerberg sobre os efeitos positivo e negativo de seus argumentos sobre o conselho. Na ocasião em que o discurso do CEO não surtiu bom efeito, Andreesen lhe enviou uma mensagem dizendo: “Essa linha de argumentação não está ajudando :)”. As mensagens eram enviadas instantaneamente, assim que Andreesen podia aferir o efeito que as falas de Zuckerberg tinham sobre o comitê.

Em resposta à Bloomberg, uma porta-voz do Facebook declarou que a empresa tem confiança “de que o comitê realizou um processo completo e justo para negociar uma proposta para o melhor interesse do Facebook e de seus acionistas”. Bowles, o membro do conselho que processou a empresa, não quis comentar.