A situação envolvendo o Facebook e a empresa de consultoria digital Cambridge Analytica respingou em Mark Zuckerberg. Um grupo de investidores decidiu iniciar uma campanha para tirar o fundador da empresa do poder, alegando que que ele não tem a compreensão de como uma grande companhia de capital aberto e alcance global deve ser gerida.
Michael Connor, CEO da Open MIC, afirma que o Zuckerberg não tem mais condições de ocupar as duas posições que ele tem hoje na empresa. “Ele atualmente tem dois cargos no Facebook: CEO e presidente do conselho. É hora de ele deixar pelo menos um dos cargos, se não ambos”. Connor defende que Zuckerberg apresenta sua própria renúncia ou seja demitido de uma das posições.
É importante notar que qualquer revolta contra Zuckerberg tende a ser infrutífera por causa da composição acionária da empresa. Isso porque, apesar de o fundador ter apenas 16% das ações do Facebook, ele ainda tem 60% dos direitos de voto na companhia, o que significa que ele está protegido contra qualquer insurgência por parte dos acionistas ou do conselho. Ele só deixará algum dos cargos se ele quiser, portanto.
Também é importante notar que por mais que a Open MIC seja influente, a empresa não tem nenhuma participação no Facebook. O que o grupo faz é coordenar os investidores da empresa em prol de algum objetivo específico, como solicitar conferências para discutir temas como as suspeitas de interferência russa na campanha presidencial americana de 2016 por meio de anúncios patrocinados com dinheiro vindo do exterior.
A Open MIC não é a única a pedir a renúncia de Zuckerberg. Scott Stringer, diretor da controladoria de Nova York, defende uma reorganização na estrutura do conselho do Facebook em nome de um fundo de pensão municipal da cidade, que tem boa parte das ações da empresa. Ele acredita que é necessário haver um presidente independente do conselho, capaz de supervisionar as ações de Zuckerberg.
Mark Zuckerberg, além de ter o poder de voto para impedir que qualquer mudança seja feita contra sua vontade, simplesmente não quer deixar o poder na empresa que fundou em 2004. Diante da crise, ele apenas afirma estar confiante de que a empresa será capaz de superar os problemas, sem dar qualquer indício de que pretenda deixar algum de seus cargos.