Governo federal pode reavaliar veto à Huawei na implementação do 5G

Com a mudança na presidência dos EUA, o Brasil deve esperar pelo posicionamento do governo Biden para decidir se segue com a atual política de contenção da influência da China nas telecomunicações
Renato Mota19/11/2020 19h48

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Até bem pouco tempo atrás, o governo do Brasil estava tendendo a adotar a mesma postura dos Estados Unidos em relação à tecnologia 5G: não adquirir componentes da Huawei para conter a influência da China no setor de telecomunicações. Porém, um importante elemento desse cenário mudou quando Donald Trump perdeu para Joe Biden as eleições presidenciais.

A expectativa é que a relação entre EUA e China mude – e sem um avalista do tamanho do governo norte-americano, fica mais difícil para Jair Bolsonaro enfrentar os orientais sozinho. E de acordo com o Valor Econômico, o governo brasileiro já admite reavaliar a participação da Huawei na construção da infraestrutura de nova geração da telefonia no País.

O leilão das faixas de espectro para a implementação da tecnologia 5G está marcado para o ano que vem, quando Biden estará na Casa Branca. De acordo com o Valor, interlocutores de Bolsonaro afirmaram que a postura do democrata em relação à China poderá guiar as decisões no Brasil. Se Biden mantiver a postura de Trump na questão, nada muda por aqui – mas caso contrário, o veto à Huawei pode ser suspenso.

Em visita ao País em outubro, Robert O’Brien, conselheiro de segurança do presidente Donald Trump, prometeu oferecer crédito às empresas brasileiras que optarem por não adquirir componentes da gigante chinesa. A ideia seria usar a International Development Finance Corporation (DFC), instituição que dá suporte aos objetivos geopolíticos de Washington, e o Export-Import Bank (Exim Bank) para apoiar a compra de equipamentos da Ericsson e Nokia pelas empresas brasileiras.

Marcos Corrêa/PR

Presidente da República, Jair Bolsonaro, recebe o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O’Brien. Imagem: Marcos Corrêa/PR

“Temos a autoridade dada pelo Congresso americano de usar nossas ferramentas para equiparar as condições que a China pode oferecer, para que o mundo volte a comprar de novo produtos feitos nos Estados Unidos, que são excelentes, por um preço competitivo”, afirmou a presidente do Exim Bank, Kimberly Reed.

Na semana passada, o Itamaraty anunciou que apoia os princípios do Clean Network, programa dos EUA para promover um ambiente seguro no âmbito do 5G – um movimento que afastou mais ainda o Brasil da Huawei. O apoio foi expresso ao lado do subsecretário para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos EUA, Keith Krach, em visita ao País.

Porém, é muito pouco provável (talvez quase impossível) que representantes do governo Trump colocados em cargos de confiança permaneçam na gestão Biden. Além disso, se o Brasil entrar sozinho na briga contra a China pode acabar sendo vítima de represálias do seu maior parceiro comercial. Essa posição mais pragmática seria defendida pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Agricultura, Tereza Cristina.

Um dos principais nomes do mercado, a Huawei é acusada pelos EUA de espionar países do ocidente a serviço do governo chinês. Pressões da Casa Branca já fizeram com que a companhia fosse barrada do 5G em países da Europa, como França e Reino Unido. Por outro lado, a empresa é responsável por grande parte do aparato de 4G já existente no Brasil.

O leilão do 5G no Brasil, originalmente programado para março passado, só deverá ocorrer no segundo semestre de 2021.

Via: Valor Econômico

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital