O Google e o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos estão se desentendendo sobre a “igualdade salarial” da empresa desde janeiro deste ano. Recentemente, porém, a companhia alegou que não poderia provar que paga seus funcionários com igualdade porque juntar os dados exigidos pelo departamento seria “caro demais”.
Diante da falta de cooperação do Google, o departamento chegou a acusar a empresa de “disparidade extrema” entre os salários de seus funcionários e funcionárias. O órgão exigiu que a empresa lhe fornecesse mais dados sobre a forma como remunera seus empregados para que pudesse esclarecer as questões que apontavam para essa conclusão.
Inicialmente, o Google se negou a cooperar, alegando que fornecer essa informação “revelaria dados confidenciais” de seus trabalhadores. Agora, de acordo com o Guardian, a empresa alega que seria muito caro juntar os dados que o Departamento do Trabalho dos EUA está solicitando. Segundo a empresa, esse trabalho levaria cerca de 500 horas e custaria em torno de US$ 100 mil.
Dinheiro de pinga
Essa justificativa surgiu durante uma audição sobre o processo na última sexta-feira, 26. A reação dos representantes legais do departamento diante da alegação foi de escárnio. O advogado do órgão, Ian Eliasoph, ressaltou que o Google tem uma receita anual de US$ 28 bilhões, é uma das empresas mais lucrativas dos EUA, e “poderia absorver esse custo tão facilmente quanto uma esponja seca poderia absorver uma gota d’água”.
De fato, se a receita anual citada por Eliasoph estiver correta, o Google consegue arrecadar US$ 100 mil em menos de dois minutos.
Lisa Barnett Sween, uma das advogadas que representa o Google no caso, disse que a empresa já gastou mais de 2.300 horas de trabalho e investiu mais de US$ 500 mil na questão. Ainda de acordo com ela, o processo se tornou “oneroso demais”. “Nossas cortes devem tomar uma atitude para impedir esse abuso de poder [do Departamento de Trabalho]”, afirmou.
Toda essa questão existe porque o Google é um prestador de serviços do governo dos EUA e, por isso, precisa provar que se adequa a leis e padrões de igualdade salarial estabelecidos pelo departamento. Por conta disso, Eliasoph notou também que os contratos com o governo dos EUA rendem milhões à empresa, e que “o Google não pode alegar agora que não tem dinheiro para responder a uma agência federal buscando garantir sua adequação a leis de igualdade de oportunidades em nome do público”.
Não é a primeira vez que uma prestadora de serviços do governo dos EUA se enrosca numa questão como essa. O Departamento do Trabalho dos EUA também processou a Oracle no começo de 2017 por conta de práticas discriminatórias. Casos de disparidade salarial entre homens e mulheres e de machismo no setor de tecnologia infelizmente são comuns também. Em fevereiro, uma ex-funcionária da Uber denunciou uma cultura de machismo sistêmico na empresa que gerou um boicote ao serviço.