O voo 6644 da Gol de São Paulo a Brasília hoje foi o primeiro da empresa a oferecer WiFi aos passageiros. Durante a viagem de ida, também foi feita a primeira transmissão ao vivo via internet de um avião na América Latina; no trecho da volta, essa notícia foi publicada.

Inicialmente, a rede sem fio dos aviões permite acessar aplicativos de conversa (como WhatsApp e Messenger) e redes sociais (Facebook, Twitter, etc). Em duas semanas, a empresa também pretende oferecer filmes e, em 2017, seis canais de TV aberta em seu sistema de entretenimento a bordo.

A ideia da empresa é oferecer WiFi em todas as suas aeronaves até outubro de 2018. Além da conexão, a Gol também pretende equipar todos os seus aviões com tomadas e portas USB por meio das quais será possível recarregar smartphones, notebooks e outros equipamentos eletrônicos durante o voo.

Essa conexão, segundo a empresa, se dá por meio de uma parceria com a empresa de conectividade via satélite Gogo. A Gogo oferece uma conectividade de banda 2Ku e, segundo a Gol, já fornece WiFI via satélite a 2800 aeronaves comerciais no mundo todo.

Tecnologia

Paulo Kakinoff, presidente da Gol, informou que durante o voo ocorreram 147 acessos simultâneos à rede, e foram trocados cerca de 750MB de dados em 20 minutos. Essa demanda, segundo ele, foi “atípica” por tratar-se do primeiro voo da empresa a oferecer essa tecnologia.

A Gol espera que a demanda da rede seja aproximadamente um terço dessa em voos futuros. Por comparação, a Delta Airlines, que já oferece esse serviço, tem uma média de menos de 40 conexões simultâneas durante os voos, mesmo operando aviões maiores que a Gol.

Usuários que usem a conexão do voo enviam dados por meio da antena do avião até um satélite; de lá, elas são enviadas a uma central de informações em terra. Segundo Paulo Miranda, diretor de produtos e experiência do cliente da Gol, cada solicitação feita por dispositivos na aeronave viaja cerca de 140 mil quilômetros até trazer de volta um resultado.

Qualidade

O Olhar Digital teve a oportunidade de testar a rede oferecida pela companhia aérea. Nessa fase inicial, ela permitiu o envio e recebimento de mensagens de texto e a navegação em redes sociais. Ainda assim, esses recursos se deram com frequentes quedas de conectividade e velocidade média bastante reduzida.

Quaisquer recursos multimídia, como o envio ou recebimento de fotos ou vídeos, demoraram para serem feitos – ou não aconteceram de todo. Ainda assim, a possibilidade de se comunicar durante o voo, mesmo que de maneira bastante restrita, é interessante. O acesso a redes sociais, no entanto, foi um pouco frustrante, já que fotos e links demoraram para carregar. Vídeos e transmissões ao vivo, ao menos durante o primeiro voo, não funcionaram direito.

Essa situação, no entanto, pode estar relacionada à demanda incomum citada por Kakinoff durante o voo inaugural da tecnologia. Com um número menor de acesso simultâneos, é porvável que a velocidade e a qualidade das conexões melhorem consideravelmente.

De acordo com a Gogo, rupturas de conectividade podem acontecer por diversos motivos. Como a empresa oferece internet via satélite, a conexão fica ruim quando a aeronave voa por uma área sem cobertura de satélite, ou quando ela vai da área de cobertura de um satélite para a de outro. Abaixo de 3000 metros de altura ou durante algumas manobras específicas do avião também podem haver interrupções na conexão, segundo a empresa.

Porta a porta

Além de oferecer a conexão durante o voo, a Gol também quer ampliar os erviço para que ele funcione “de portão a portão”. Passageiros de aeronaves equipadas poderão se conectar à rede da Gogo já no portão de embarque, e manter sua conectividade até o avião, mesmo durante o taxiamento, e até o portão de embarque de seu aeroporto de destino.

Também para maximizar o tempo de conectividade dos passageiros, Kakinoff disse que o ângulo de manobra e decolagem dos aviões foi analisado por meio de um software. Com isso, foi possível calcular as rotas e manobras que minimizassem as interferências com os satélites da Gogo.

Mercado

Segundo a Gol, a conexão WiFi será oferecida gratuitamente ao longo dos próximos seis meses em algumas de suas aeronaves. A partir de amanhã (5 de outubro), passageiros da empresa serão avisados quando forem voar em uma das aeronaves equipada com a tecnologia.

Kakinoff informou que, durante os primeiros seis meses, serviços de streaming como Netflix não serão bloqueados para nenhum dos usuários. O objetivo disso é estressar a rede das aeronaves, para testá-las. Após esse período, a empresa passará a bloquear esses serviços; no entanto, ela disponibilizará um aplicativo por meio do qual o usuário poderá acessar filmes e séries numa plataforma da própria Gol.

Os planos de acesso ao WiFi das aeronaves, segundo Kakinoff, terão custo de aproximadamente US$ 5 a US$ 20 por voo. Os planos mais básicos permitirão trocas de mensagens via aplicativos; planos maiores também acrescentarão acesso a redes sociais e, finalmente, serviços de streaming poderão também ser acessados nos planos mais caros.

No Brasil, outras empresas aéreas já oferecem serviços semelhantes. TAM, Avianca e LAN iniciaram a oferta de WiFi em seus voos em 2015, inaugurando a era da conectividade a bordo em voos na América Latina.