O Facebook está passando por um momento ruim causado pelo escândalo de venda de dados de usuários. No entanto, documentos analisados pelo jornal Financial Times mostram que a empresa foi avisada de que as informações reunidas pelo aplicativo de pesquisa poderiam ser comercializadas para terceiros.
Segundo o jornal, a rede social recebeu os termos e condições de uma segunda versão do aplicativo, que extraiu os dados dos usuários que vazaram para a consultoria Cambridge Analytica. Este material informava sobre a possibilidade da venda de dados. Mas, como a empresa conta com um processo automatizado para aceitar as atualizações, nenhum funcionário tomou conhecimento dos termos e nada foi feito a respeito.
A primeira versão do aplicativo, que foi revisada pelo Facebook, alegava que os dados eram cuidadosamente protegidos e que não seriam usados para fins comerciais. Já na segunda versão, os termos e condições requisitavam permissão aos usuários para coletar informações, incluindo atualizações de status e curtidas, assim como as de seus amigos do Facebook. Os termos afirmavam que a empresa teria o direito de editar, copiar, disseminar, publicar, transferir, anexar ou fundir com outros bancos de dados, além de vender, licenciar e arquivar os dados.
Segundo Christopher Wylie, ex-funcionário da Cambridge Analytica que denunciou as irregularidades, o Facebook não fez nada para proteger os dados dos seus usuários e ainda concordou com um aplicativo que explicitamente quebrava as regras da rede social. “Havia muitos aplicativos na época que estavam extraindo dados – inclusive de redes de amigos – e o Facebook não era proativo em fazer perguntas ou descobrir para onde os dados estavam indo”, explica.
Desde a denúncia de que a Cambridge Analytica teve acesso a dados de até 50 milhões de usuários, o Facebook passou a revisar suas políticas de privacidade e de oportunidades para desenvolvedores.