No final da semana passada, o Departamento de Trabalho (DoL, na sigla em inglês) do governo federal dos Estados Unidos acusou a Google de pagar a mulheres salários inferiores aos de homens nos mesmos cargos e com o mesmo nível de responsabilidade. De acordo com o Guardian, a advogada do DoL Janette Wipper acusou a empresa de ter “disparidades salariais sistêmicas contra mulheres em toda sua força de trabalho”.
A acusação apareceu em meio a um processo do DoL contra o Google. Como a empresa é uma prestadora de serviços do governo federal dos EUA, ela precisa divulgar documentos referentes aos salários de seus empregados para mostrar que se adequa às políticas de remuneração igualitária que o governo exige de seus prestadores. No entanto, a empresa estava se negando a divulgar esses documentos, argumentando que a divulgação “revelaria dados confidenciais”.
Durante uma audição sobre esse caso, na sexta-feira passada, o DoL expôs a situação de discrepância salarial na empresa. Segundo uma advogada regional do Departamento de Trabalho, “a análise do governo a essa altura indica que a discriminação contra mulheres no Google é bastante extrema, mesmo para essa indústria”, embora tenha ressaltado também que a investigação ainda não está completa. De acordo com ela, os documentos solicitados pelo DoL poderiam ajudar a identificar a “raíz do problema” da discriminação.
Resposta
Em declaração ao Guardian, o Google negou as acusações feitas pelo Departamento. “Discordamos veementemente das alegações [de Wipper]. A cada ano, fazemos uma análise exaustiva e robusta dos salários entre gêneros e não encontramos qualquer discrepância desse tipo. Além de fazer uma declaração infundada que nós ouvimos pela primeira vez no tribunal, o DoL não forneceu nenhum dado, tampouco compartilhou sua metodologia”, disse a empresa.
Segundo a CNET, no entanto, o histórico de diversidade do Google não diz muito a seu favor nesse caso. De acordo com seu último relatório de empregos, apenas 31% de sua força de trabalho são compostas por mulheres. De todos os seus funcionários nos Estados Unidos, só 2% são negros e 3% têm etnia hispânica.
Problema setorial
Essas acusações aparecem em meio a uma série de denúncias de machismo sistemático no Vale do Silício. O caso mais recente foi o da ex-engenheira da Uber Susan Fowler, que expôs uma cultura de machismo disseminada pela empresa. As acusações de Susan encorajaram mais mulheres a compartilhar suas experiências negativas na empresa, e levaram a Uber a ser boicotada mais uma vez. A empresa diz já estar investigando a situação.
Há, no entanto, uma diferença importante no fato de o Google ser um prestador de serviços do governo dos EUA. Com isso, caso a empresa não adeque sua situação, ela pode ter todos os seus contratos federais interrompidos. Algo semelhante aconteceu com a Oracle, que foi processada pelo DoL por práticas discriminatórias no começo de 2017.