O vice-presidente sênior de negócios da Uber, Emil Michael, apresentou ontem seu pedido de demissão da empresa. A saída de Michael, que deixa a Uber ainda mais desfalcada em meio a uma crise profunda de gerência, já vinha sendo sugerida pelo conselho da empresa.

Como o Recode informa, a saída do executivo foi motivada por pressão do conselho após uma reunião que durou sete horas no domingo. Essa pressão veio de informações que surgiram em meio à investigação que a empresa está promovendo sobre o machismo sistêmico em seu ambiente de trabalho. Dentre elas estavam o fato de que Michael teria realizado uma reunião de negócios com outros executivos da Uber, incluindo o CEO, em um bordel coreano no qual as mulheres eram identificadas com números.

Fora isso, Michael esteve envolvido em um escândalo em torno do estupro de uma passageira por um motorista da Uber na Índia. O gerente regional de negócios desconfiou da palavra da vítima e foi atrás de seus registros médicos, com o apoio (ou ao menos a conivência) de Michael, que era responsável por ele. Segundo o site, mais informações sobre as investigações que levaram à saída de Michael devem ser divulgadas em breve.

Substituição

Algumas fontes internas da empresa ouvidas pelo Recode sugeriram que, ao contrário de outros executivos que saíram da Uber, Michael era uma pessoa da qual os funcionários gostavam, de maneira geral. Ele também era praticamente o “número dois” da companhia, sendo ainda o confidente mais próximo do CEO Travis Kalanick. Michael teria tido papéis importantes na saída da Uber da China e em trazer fundos para a empresa.

Seu substituto, no entanto, já foi anunciado. Trata-se de David Richter, que já trabalhava na empresa desde 2014. Segundo outras fontes do Recode, Richter era muitas vezes visto como “a pessoa adulta da sala” e, assim como Michael, também é alguém de quem os funcionários costumam gostar e em quem eles confiam. 

Por outro lado, há uma certa desconfiança quanto à adequação de Richter para o papel. Alguns acreditam que ele acabará ficando muito submisso a Kalanick e, outros, que ele não será capaz de tomar as rédeas da empresa em meio à crise gerencial na qual ela se encontra.