Em certos casos, é inevitável. Braços robóticos no lugar de humanos; sistemas inteligentes e autônomos no lugar de cabeças pensantes. O medo do desemprego provocado pela tecnologia é antigo. Mas se esse pesadelo fosse verdade, demissões em massa já teriam acontecido por diversas vezes ao longo da história.
A Indústria 4.0 representa um processo de transformação guiado pela tecnologia, é verdade. Os cortes virão, mas também devem surgir novas oportunidades. O maior risco de extinção está nas tarefas repetitivas do chão de fábrica, como, por exemplo, a linha de soldagem de um automóvel ou o encaixe de uma peça em um smartphone… Atividades como essas não serão mais executadas por alguém de carne e osso. Aliás, em muitas fábricas mundo afora já não são mesmo…
Mas, será que essa nova realidade significa desemprego? Na visão de diferentes especialistas, a resposta é não. A ideia é que os trabalhadores se adaptem a nova funções; postos mais concentrados em tarefas estratégicas ou até no controle de projetos.
Mas esse profissional 4.0 ainda não está pronto; em muitos casos, sequer existe. Uma pesquisa da consultoria Roland Berger estimou a escassez de mais de 200 milhões de trabalhadores qualificados no mundo, nos próximos 20 anos. No Brasil, um levantamento do SENAI diz que o Brasil vai precisar qualificar 13 milhões de trabalhadores em ocupações industriais até 2020. Já deu para sacar que a palavra educação vai fazer cada vez mais diferença entre quem pode perder o emprego e quem pode, até, subir na escala produtiva.
Algumas características e habilidades se destacam no tipo de mão de obra exigido pela Indústria 4.0: é preciso conhecer sobre processos industriais, estar por dentro das novas tecnologias, ter uma formação multidisciplinar e, acima de tudo, uma alta capacidade de adaptação.
Mais do que atualizar quem já está no batente, a indústria moderna deve impulsionar o surgimento de novas profissões. Quer exemplos? Anote aí: técnico em informação e automação, um profissional capaz de atuar diretamente nas máquinas e, ao mesmo tempo, gerenciar e interpretar as informações que transitam nos sistemas… Coordenador de robótica, que vai interagir exclusivamente com os robôs no chão de fábrica… Finalmente, o cientista de dados – uma das profissões mais promissoras do mundo da tecnologia. O Cientista de Dados é responsável pelo desenvolvimento de algoritmos e sistemas que ensinem as máquinas a terem uma visão mais próxima à humana e, consequentemente, tenham mais utilidade dentro das fábricas.
Um estudo recente do Forum Econômico Mundial analisou o impacto dessa revolução industrial para os países em desenvolvimento. A grande preocupação é que a distância entre os países de primeiro e terceiro mundo não fique ainda maior. A boa notícia é que toda essa nova economia digital é mais democrática e traz não só oportunidades de crescimento, mas também uma boa perspectiva para o Brasil.
No próximo capítulo da série “Indústria 4.0” vamos mostrar exemplos dessa democratização na prática. Você vai ver como a digitalização do chão de fábrica está ajudando na criação e no crescimento de muitas startups no país. E, para quem perdeu, nos dois primeiros episódios desta série de reportagem, a gente mostrou quais são as tecnologias que estão transformando a indústria e os frutos que as empresas que já deram os primeiros passos nessa direção já estão colhendo. Os links estão logo abaixo do vídeo desta matéria, no Olhar Digital.com.br. Confira lá!