Austin, Texas – Há cerca de um ano, a Dell protagonizou a maior aquisição da história da tecnologia: por 67 bilhões de dólares comprou a EMC; uma companhia focada em storage e tecnologia de alta perfomance. A nova empresa que nasceu a partir da fusão é uma aposta diferente, quando se olha para o panorama das grandes empresas de tecnologia.
Direto ao ponto
Para começar, durante sua apresentação, Michael Dell deixou muito clara a posição do conglomerado: trata-se de uma emprea de infraestrutura. A nova Dell EMC está focada em oferecer aos seus clientes a possibilidade de usar a tecnologia para realizar seus negócios. Nesse sentido, estamos falando de uma empresa altamente comprometida com a produção de hardware – seja ele voltado para grandes empresas, médias e pequenas ou para consumidores finais. Apesar desse compromisso, evidentemente, a maior empresa de tecnologia do planeta guarda bastante espaço para o software. Afinal, além de todos os softwares usados para controlar seus próprios aparelhos, a aquisição da EMC trouxe junto um das empresas mais admiradas do mundo da tecnologia: a VMWare – a companhia que foi responsável por popularizar o conceito de virtualização criado pela IBM, e que hoje está presente em praticamente 100% dos datacenters do planeta.
Um novo guardachuva
O novo conglomerado ganhou uma empresa-mãe, chamada Dell Technologies. Abaixo dela, estão a tradicional Dell, focada em PCs destinados tanto a empresas quanto a consumidores, a Dell EMC, que lida com produtos de ponta, destinados a grandes empresas e datacenters, a VMWare e uma lista de siglas que vão desde segurança digital, com a RSA, até uma nova empresa chamada Pivotal, que pretende ser um tipo de campo aberto, oferecendo uma plataforma para desenvolvimento de soluções de Big Data, que podem rodar tanto na infraestrutura dos clientes, quanto em nuves públicas. A Pivotal chama a atenção também por seus sócios: a Ford e a GE se juntaram à Dell na empreitada.
Transição completa
A compra da EMC foi anunciada há cerca de um ano, mas começou a ser gestada bastante tempo atrás, por volta de 2011. No último ano, as duas empresas passaram pelo processo de integração, enquanto aguardavam a aprovação da operação por parte das autoridades reguladoras norte-americanas.
Uma das perguntas feitas durante o período (e também aqui) foi se a fusão traria demissões, já que há áreas de superposição. A resposta de Carlos Cunha, presidente da Dell EMC no Brasil, é: não. Aliás, na visão dele, a fusão até serve para amenizar os efeitos da crise econômica brasileira, que, de outro modo, poderia afetar mais fortemente as operações locais.
Combinação diferente
A nova Dell Technologies tem faturamento anual de cerca de 74 bilhões de dólares e cerca de 140 mil funcionários e caminha numa direção diferente em relação a vários de seus concorrentes. Ao contário da HP, por exemplo, que resolveu dividir suas operações para a atender aos distintos públicos da empresa, a Dell EMC aposta em ser um ponto de parada único para as necessidades dos clientes. O mantra foi repetido por vários executivos durante o evento e, sintetizado nas palavras de Luís Gonçalves, presidente da Dell para o Brasil: “vários clientes da EMC não tinham muita relação com a Dell e vice-versa. Agora, estamos oferecendo a todos eles a possibilidade de resolver todos os problemas com apenas um relacionamento. Os clientes não querem ter que negociar com 2 ou 3 fornecedores; eles preferem eleger um parceiro de confiança, que consiga resolver suas necessidades.”
Outro fator que chama a atenção em relação ao posicionamento de mercado da Dell Technologies tem a ver com os PCs. Diferentemente de outras gigantes da tecnologia que olham para o segmento com desconfiança, em função de suas margens de lucro cada vez mais apertadas e do crescimento dos dispositivos móveis, Michael Dell repetiu por várias vezes: “registramos crescimento no mercado de PCs por 15 trimestres consecutivos e somos a empresa número 1 quando se fala em faturamento e lucro.” Ou seja, para empresa, a unidade de PCs continua ser central. Jeff Clarke, presidente da divisão de clientes resume: “sermos tão fortes no segmento de PCs nos possbilita entregar aos clientes a cadeia completa: conseguimos estar desde a ponta, na frente dos usuários, agora passando pelos datacenters e chegando até soluções de cloud computing. Ninguém mais no mercado consegue fazer isso”.
Novos produtos
Já há um primeiro produto lançado aqui em Austin, fruto da nova empresa. Trata-se de uma solução integrada – ou, como a indústria vem chamando, hiperconvergente – chamada VX Rail. A máquina conjuga armazenamento em SSDs, controladores de rede e capacidade de processamento de servidores, tudo num mesmo chassi com altura de dois “U”. Esse tipo de máquina vem se tornando uma das fortes tendências da indústria, já que funciona quase como um “datacenter in a box”, dispensando a necessidade de configurações e máquinas separadas para rede, storage e servidor.
* o Olhar Digital viajou a Austin, nos Estados Unidos, a convite da Dell Technologies.