A Uber anunciou hoje um acordo que representa uma espécie de “fusão” com a Yandex, empresa de internet que oferece um serviço semelhante na Rússia e em países próximos. Os apps de carona e de entrega de comida das duas continuarão funcionando da mesma maneira no futuro próximo, mas vão se fundir no longo prazo.

Com o acordo, será formada uma nova empresa, ainda sem nome, avaliada em US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 11,9 bilhões), segundo a Bloomberg. A Uber terá 36,6% das ações dessa nova companhia, mas a Yandex será sua acionista majoritária, com 59,3% das ações. O diretor da empresa, por sua vez, será Tigran Khudaverdyan, que atualmente é o CEO do serviço de caronas da Yandex. Três dos sete membros do conselho da empresa resultante serão da Uber, e os outros quatro, da Yandex.

Seis países e 127 cidades serão atendidos por essa nova empresa: Rússia, Bielorrússia, Azerbaijão, Casaquistão, Armênia e Geórgia. A Uber ainda não operava nesses dois últimos, mas a Yandex já estava em todos. Pierre-Dimitri Gore-Coty, o diretor da Uber na África, Oriente Médio e Europa, comentou que esse acordo é “o próximo passo na nossa missão de garantir que todo mundo nesses países possa conseguir uma viagem com o toque de um botão”.

De fato, a previsão é que as duas empresas, juntas, façam mais de 35 milhões de viagens por mês em sua região de operação. No anúncio, a Uber prevê também que o acordo seja finalizado entre outubro e dezembro deste ano, porque ainda está sujeito a “aprovações regulatórias e outras condições”, segundo Gore-Coty.

A história se repete

Não é a primeira vez que a Uber se “funde” com uma empresa rival para continuar operando em determinada região. Quase exatamente um ano atrás, a empresa fez um movimento semelhante na China, deixando-se “engolir” pela Didi Chuxing (sua principal concorrente chinesa) em um acordo de US$ 35 bilhões. Além de operar o principal serviço do tipo na China, a Didi também é uma das investidoras da brasileira 99.

Mas há uma diferença: enquanto a Didi era basicamente uma empresa que gerenciava um serviço de carona, a Yandex já é uma gigante de tecnologia. Ela é conhecida como “o Google da Rússia”, segundo a Reuters, e já domina os mercados de busca, mapas e navegação por celular (estilo Waze) na região. Os serviços de carona dela já eram duas vezes maiores que os da Uber por lá.

E por mais que a medida possa parecer uma “derrota” para a Uber, trata-se na verdade de um acordo bem lucrativo. Desde que começou a operar na região, a Uber investiu cerca de US$ 170 milhões lá. Só que a participação de 36,6% que ela terá na empresa resultante da fusão (que será uma empresa de US$ 3,7 bilhões) valerá aproximadamente US$ 1,4 bilhão.