O cirurgião australiano Ralph Mobbs realizou com sucesso, pela primeira vez na história, uma cirurgia que substituiu duas vértebras de um paciente por uma peça impressa em 3D. A operação de risco elevado durou mais de 15 horas, segundo a rede australiana de televisão ABC.
O paciente em questão, Drage Josevski, tinha um tumor chamado de cordoma nas duas primeiras vértebras de sua coluna dorsal – a parte superior da coluna, logo abaixo do cérebro. Caso não fosse removido, o tumor continuaria a comprimir as vértebras, deixaria Josevski paraplégico e, em seguida, causaria sua morte. “É uma maneira particularmente horrível de partir”, disse o cirurgião.
Cirurgia
O procedimento cirúrgico envolveu a remoção das duas vértebras cancerígenas do topo da coluna de Josevski e sua substituição pela peça impressa em 3D. A operação durou mais de 15 horas, e foi extremamente arriscada porque, segundo Moobs, consistiu basicamente em “retirar a cabeça do paciente do pescoço, remover o tumor, e então encaixar de novo a cabeça no lugar”.
Além disso, a região próxima ao local da operação tem uma série de veias que alimentam o cérebro de sangue, o que exigia enorme precisão dos envolvidos. Os médicos chegaram até a região do tumor através da boca do paciente, o que fez com que, durante o período pós-operatório, ele tivesse dificuldades para comer e falar.
Embora a operação tenha sido realizada no final de dezembro de 2015, a confirmação de seu sucesso só pode ser feita recentemente. Apesar das complicações resultantes do procedimento, o tumor de Josevski foi completamente removido, e ele deve se recuperar totalmente.
Vértebra de titânio
Para criar a peça que substituiria as vértebras de Josevski, Mobbs trabalhou com uam empresa chamada Anatomics para criar réplicas exatas em titânio das vértebras do paciente. Ela foi feita com base em modelos e imagens dos ossos de Josevski e, segundo Mobbs, se encaixou perfeitamente durante o procedimento.
Apesar do sucesso da cirurgia, Mobbs acredita que os implantes ainda podem ser melhorados. Segundo o Mashable, o cirurgião acredita que o próximo passo será colher células do corpo do paciente e espalhá-las por uma estrutura impressa em 3D, para que elas mesmas formem a maior parte do material.
Futuro
Mobbs acredita que o uso de impressão 3D na medicina deve crescer “exponencialmente” no futuro próximo. Isso porque a técnica pode ser usada para “ossos, ligações e órgãos sob medida para recuperar funções e salvar vidas”. Para ele, a possibilidade de se imprimir um pâncreas novo para um paciente, por exemplo, é algo que deve acontecer “ainda durante nossas vidas”.