A crise de imagem da Uber piorou nas últimas horas após a divulgação de um vídeo que mostra o CEO Travis Kalanick discutindo com um motorista que resolveu questioná-lo devido à forma como a companhia vem se movimentando no mercado. A coisa foi tão feia que, em meio à repercussão, o executivo declarou publicamente que precisa de ajuda para aprender a ser um líder melhor.

As imagens, divulgadas pela Bloomberg, mostram Kalanick em uma corrida de UberBlack junto a duas mulheres não identificadas. Ao final da viagem, o motorista, Fawzi Kamel, perguntou ao executivo por que ele decidiu baixar os valores da categoria — que é premium e, portanto, mais cara.

Como explica o Recode, não houve mudanças no preço do UberBlack nos últimos meses, mas a interpretação é de que, como há uma oferta mais atrativa em outras categorias — como UberX e UberPool —, caiu a quantidade de passageiros para quem trabalha no premium. E essas pessoas são as que mais gastam, porque a Uber exige que tenham carros num padrão mais elevado.

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“As pessoas não confiam mais em você. Você pensa que as pessoas ainda vão comprar carros [para trabalhar na Uber]? Eu perdi US$ 97 mil por sua causa, estou falido por sua causa. Você fica mudando todo dia”, reclama o motorista. Quando Kalanick responde que não houve alterações no UberBlack, Kamel continua: “Você mudou o negócio inteiro! Você baixou os preços.”

Visivelmente irritado, o CEO sai do carro e responde: “Sabe de uma coisa? Algumas pessoas não gostam de assumir as responsabilidades pelas próprias merdas. Elas culpam tudo nas suas vidas ou outras pessoas. Boa sorte!” Kamel então devolve o “boa sorte” e diz que Kalanick “não vai chegar muito longe”.

Mais tarde, o CEO divulgou um pedido de desculpas, afirmando estar envergonhado e reconhecendo que, como líder, ele deveria ser um exemplo a ser seguido por seus funcionários e parceiros, o que não combina com a imagem mostrada naquele vídeo.

“Está claro que esse vídeo é um reflexo meu — e as críticas que temos recebido são uma dura lembrança de que eu preciso mudar fundamentalmente como um líder e amadurecer. Esta é a primeira vez que eu estou me mostrando disposto a admitir que eu preciso de ajuda com a liderança, e eu pretendo buscá-la.”

As críticas a que Kalanick se refere vêm de todos os lados. Em poucos meses, a Uber enfrentou duas campanhas de boicote e seguidas denúncias de omissão sobre casos de assédio sexual dentro da companhia — o que gerou problemas até com investidores.