A agência de pesquisas do exército dos Estados Unidos, DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) lançou na semana passada um novo programa de pesquisa. Chamado de INTERCEPT, o programa terá como objetivo a criação de vacinas capazes de evoluir junto com os vírus contra os quais elas tentam proteger.

Proteção adaptável

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Geralmente, as vacinas são específicas para uma variante específica de cada doença. Os vírus causadores das coenças, no entanto, conseguem se adaptar às vacinas de forma a torná-las obsoletas. É por isso, por exemplo, que as vacinas contra gripe precisam ser administradas com regularidade: o próprio vírus da gripe evolui para se tornar resistente a ela.

O INTERCEPT (sigla que significa ‘Interference and co-Evolving Prevention and Therapy’, ou Interferência e Prevenção e Terapia Co-Evolutivas”) pretende contornar esse problema usando partículas semelhantes a vírus criadas em laboratório. Essas partículas, chamadas de TIPs (sigla em inglês que significa partículas interferentes terapêuticas), atrapalham a reprodução dos vírus.

Os vírus são compostos por uma capa protéica que envolve material genético. Eles infectam outras células injetando nelas o seu material genético, e obrigando-as a fabricar novas cópias de si. As TIPs são partículas que funcionam de maneira semelhante, mas são inofensivas porque não conseguem obrigar as células a reproduzí-la.

Diluindo a doença

A vantagem das TIPs é que quando uma célula atingida por elas é infectada por um vírus, a célula não reproduz o vírus da mesma maneira. Em vez de criar cópia do vírus, ela passa a criar cópias da TIP (que são inofensivas). Por isso, as TIPs podem dificultar a reprodução dos vírus dentro do organismo do paciente.

Segundo a agência, em estudos preliminares conduzidos em laboratório, as TIPs conseguiram reduzir a reprodução dos vírus para um vigésimo do total. Em quantidades menores, os vírus podem ser combatidos por muito mais facilidade pelo organismo, que então se torna resistente a eles – em um processo semelhante ao de vacinas.

Longo caminho

Embora trate-se de uma possibilidade promissora, o projeto ainda está em suas primeiras etapas. O primeiro passo será o desenvolvimento das TIPs. Esse processo exigirá, além da elaboração das partículas, a condução de testes para garantir que elas funcionam e o refinamento das partículas com o uso de modelos computacionais. 

De acordo com o Engadget, o processo de inscrição de propostas para a criação das TIPs começará no dia 29 de abril. No entanto, essa tecnologia tem o potencial de combater, de maneira eficaz, até mesmo doenças como dengue, ebola, zika e Chikungunya.