Essa foi uma semana agitada para a área de inteligência artificial do Google. Ao mesmo tempo que o AlphaGo, um sistema de inteligência artificial criado pela DeepMind, venceu um desafio contra o campeão de Go, Lee Se-dol, a gigante da tecnologia pode estar se preparando para vender a Boston Dynamics, fabricante de robôs adquirida em 2013.

De acordo com a Bloomberg, a decisão do Google de vender o grupo de robótica destaca um problema fundamental da pesquisa de inteligência artificial: é mais fácil desenvolver e testar um software do que um hardware.

Os robôs de hoje ainda agem como máquinas, operando com rotinas pré-programadas; os que são utilizados na indústria ainda são separados dos humanos por questões de segurança. Com a Boston Dynamics, o Google estava trabalhando em máquinas que poderiam acabar com essa rigidez e executar uma ampla gama de tarefas, mas isso requer lidar com uma série de problemas não resolvidos.

Os desafios já haviam sido considerados em uma reunião interna realizada em novembro do ano passado por líderes de robótica da companhia. De acordo com a ata, os executivos discutiram a viabilidade de como o AI ensinaria os robôs a executarem tarefas físicas e como o grupo Boston Dynamics poderia colaborar mais com outras equipes do Google.

Em toda a indústria de tecnologia existe um entusiasmo em relação ao potencial das máquinas, mas também um monte de questões sobre como construí-las. No mês passado, a Boston Dynamics publicou um vídeo mostrando como os seus robôs poderiam correr, caminhar e empilhar caixas. Porém, os robôs não estão tão avançados quanto o imaginado, já que ainda precisam ser configurados para agir naturalmente.

Os programadores de software conseguem simular problemas para que os computadores os resolvam e o progresso disso não depende de movimentos físicos. O AlphaGo pode jogar milhares de partidas em meses. Por outro lado, levaria muito mais tempo fazer um robô caminhar por uma floresta, por exemplo.
Para desenvolver robôs, existem duas opções: simular um ambiente, desenvolver um software e esperar que os resultados sejam precisos para construir um hardware, ou pular a parte de simulação, criar um robô e esperar que ele aprenda as coisas – o que é algo muito mais difícil.

O Google enfrenta esse problema com seus carros autônomos, por isso que eles estão desenvolvendo em ambas as frentes. Enquanto o simulador testa diferentes cenários para ver como o veículo irá reagir, os testes nas ruas permitem que o Google analise quais são os problemas que o programa de computador não conhece. A grande diferença dos robôs é que sua estrutura é mais avançada do que dos carros, ao invés de rodas, são pés e mãos com articulações.

Para tentar lidar com toda essa complexidade, seria necessário desenvolver máquinas que aprendessem continuamente ao longo do tempo para realizarem atividade aleatórias. Os robôs da Boston Dynamics precisam de uma tecnologia que não existe ainda. O software para controlá-los e dar-lhes mais autonomia ainda é um problema de pesquisa que está sendo trabalhado por universidades de todo o mundo e demanda de um tempo que o Google não está disposto a esperar.