A forte resistência dos EUA à ascensão das empresas chinesas parece estar causando efeito contrário: em vez de tentarem se fortalecer no mercado norte-americano, elas têm buscado se expandir na Europa. O exemplo mais recente é o anúncio da Xiaomi de que planeja triplicar o número de lojas próprias no continente europeu até o fim deste ano. Hoje são menos de 50, mas a empresa pretende chegar a mais de 150 pontos de venda até o fim de 2019, segundo o site CNBC.

A mudança de foco é uma tendência: marcas chinesas como Xiaomi, Huawei, Oppo, Vivo e OnePlus estão conquistando cada vez mais o mercado europeu. Em relatório recente sobre vendas de smartphones na Europa em 2018, a Canalys, organização que analisa mercados de tecnologia, mostrou que 32% dos celulares no continente são de fabricantes chineses. A Huawei detém a maior parte deles, com 23% de participação, referentes ao último trimestre do ano passado.

Com 42,5 milhões de unidades vendidas em 2018, a marca alcançou o terceiro lugar no comércio europeu de smartphones. Xiaomi e HMD Global (que controla a Nokia) também cresceram e conquistaram o quarto e o quinto lugares, respectivamente. Por outro lado, a Samsung caiu 10% em suas remessas ao continente em relação a 2017, enquanto a Apple teve queda de 6%.

Um dos motivos para o investimento das companhias chinesas na Europa são as acusações de ameaça de espionagem pelas agências de inteligência dos EUA. Os chefes dessas instituições até alertaram os consumidores a não comprarem aparelhos da Huawei. Além disso, a diretora financeira da corporação, Meng Wanzhou, é acusada de violar as sanções econômicas impostas ao Irã pelos EUA.

Outro motivo é a dependência das operadoras de telecomunicações para a distribuição de redes móveis nos EUA. E isso pode ser um problema para empresas internacionais. A questão que prevalece, entretanto, é: por quanto tempo os consumidores norte-americanos ficarão satisfeitos com a ausência de produtos de tecnologia chineses nos EUA?